"PM de todo o mundo, uni-vos!"
Por Ferreira Fernandes
A GENTE passa uma vida a acreditar que o salário mínimo é o mínimo tolerado - tão mínimo que havia a esperança de ele subir um poucochinho todos os anos - e, afinal, o salário pode ser o mínimo dos mínimos: zero.
Ontem, soube-se que o primeiro-ministro grego Lucas Papademos não quer ganhar nada pelo seu trabalho. E também o primeiro-ministro italiano Mário Monti, de salário, nem bruto nem limpo, não quer nada.
Dizia Karl Marx que o trabalho assalariado era base da sociedade burguesa: "Sem ele, nada de capital, nada de burguesia." Isso era no tempo em que se esperava que a revolução viesse vestida de fato-macaco. E não é que ela irrompeu no topo da hierarquia do Estado? Hoje são dois, mas quem diz que a revolta não alastra?
Naquelas cimeiras já se torna perigoso que o fotógrafo peça para a foto de conjunto: "Primeiros-ministros de todo o mundo, uni-vos!" Arrisca-se a que o grupo erga o punho e se ponha a cantar: "De pé, oh vítimas da fome..."
Felizmente, contra esses assanhados já a oposição moderada se começa a organizar. Em Portugal, por exemplo, a comissão executiva do BES decidiu ganhar só metade do que ganhou em 2011. Há quem veja nisso um corte de 50%, eu vejo uma corajosa defesa de 50% do salário. Os banqueiros são os sociais-democratas dos tempos modernos (mudam alguma coisa para que fique tudo na mesma), são a trincheira firme contra os políticos revolucionários que querem erradicar o salário.
«DN» de 2 Fev 12A GENTE passa uma vida a acreditar que o salário mínimo é o mínimo tolerado - tão mínimo que havia a esperança de ele subir um poucochinho todos os anos - e, afinal, o salário pode ser o mínimo dos mínimos: zero.
Ontem, soube-se que o primeiro-ministro grego Lucas Papademos não quer ganhar nada pelo seu trabalho. E também o primeiro-ministro italiano Mário Monti, de salário, nem bruto nem limpo, não quer nada.
Dizia Karl Marx que o trabalho assalariado era base da sociedade burguesa: "Sem ele, nada de capital, nada de burguesia." Isso era no tempo em que se esperava que a revolução viesse vestida de fato-macaco. E não é que ela irrompeu no topo da hierarquia do Estado? Hoje são dois, mas quem diz que a revolta não alastra?
Naquelas cimeiras já se torna perigoso que o fotógrafo peça para a foto de conjunto: "Primeiros-ministros de todo o mundo, uni-vos!" Arrisca-se a que o grupo erga o punho e se ponha a cantar: "De pé, oh vítimas da fome..."
Felizmente, contra esses assanhados já a oposição moderada se começa a organizar. Em Portugal, por exemplo, a comissão executiva do BES decidiu ganhar só metade do que ganhou em 2011. Há quem veja nisso um corte de 50%, eu vejo uma corajosa defesa de 50% do salário. Os banqueiros são os sociais-democratas dos tempos modernos (mudam alguma coisa para que fique tudo na mesma), são a trincheira firme contra os políticos revolucionários que querem erradicar o salário.
Etiquetas: autor convidado, F.F
2 Comments:
Segundo J. Hermano Saraiva, o político português Fernandes Tomaz também decidiu que os titulares de determinados cargos públicos não deveriam receber salário.
Ora, como ele só tinha cargos desses, acabou por ter de trabalhar anos seguidos sem ganhar nada.
Como não tinha fortuna pessoal, acabou por... morrer de fome.
Nos seus últimos dias de vida, alguns amigos ainda se quotizaram para lhe dar alguma coisa, mas já não foram a tempo.
Tudo o que venha do BES, tem que ser enquadrado nas práticas do grupo, não ser tomado "at face value".
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