3.4.12

"Integrar", dizem eles

Por Manuel António Pina

TODOS os anos por esta altura abre a época da boçalidade, da violência, da obscenidade e do coma alcoólico com o objectivo de "integrar" os novos alunos das universidades e institutos superiores que por aí pululam. Com a condescendência da generalidade das autoridades universitárias, é por estes dias autorizado a autointitulados "doutores" dar largas aos seus piores (admitindo que tenham melhores) instintos e frustrações sobre os jovens caloiros, assim se indo integrando, também eles, no género de país rasca (e, com raras excepções, a Universidade é hoje o espelho desse país) que vamos sendo.

E todos os anos se repetem as notícias de abusos e agressões; e todos os anos a maior parte dos reitores assobia para o lado como se não fosse nada consigo, apesar de o Ministério há muito ter pedido a sua "melhor colaboração (...) no sentido do combate a praxes que, embora afirmando uma intenção de integração dos novos alunos, mais não são que práticas de humilhação e de agressão física e psicológica".

A primeira notícia deste ano é a da agressão à cabeçada e à chapada por "um doutor de Coimbra, meu Deus!" de duas jovens que recusaram ser praxadas e foram parar ao hospital. O "doutor" é aluno do 3.º ano de Ciências da Educação (o seu nome já circula nas redes sociais) e em breve ascenderá à elevada dignidade de "licenciado à Bolonhesa" e estará preparado para "educar" os nossos filhos. À cabeçada e à chapada.
«JN» de 3 Abr 12

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4 Comments:

Blogger José Batista said...

Aos reitores das universidades portuguesas (mas que reitores!, mas que universidades!) já eu chamei, por este motivo, cobardes e cagarolas mais que uma vez.
Mas estes comportamentos exercem um fascínio incrível sobre a malta do ensino secundário, que os acha extraordinários.
Nas minhas aulas, em especial perante alunos do 12º ano (pré-universitários, portanto), sempre que vem a propósito chamo-lhes comportamentos nazis e atos criminosos. E afirmo que nenhum aluno tem que os aceitar nem sequer tem que declarar que não pratica barbaridades com que não quer incomodar nem ser incomodado... E os alunos olham-me como se eu fosse um extraterrestre. Da última vez falei-lhes também de liberdade, e da licença que só em 1973 foi extinta para as pessoas poderem ter um ...isqueiro! Mas eles não percebem nem sabem o que foi isso de não ter liberdade, nem vêem as aberrações praxistas como ofensas à dignidade e integridade das pessoas nem como atentados à liberdade.
Nisto, e noutros assuntos, aquele ocultismo a que têm chamado "ciências da educação" (mas que "ciências"!, mas que educação!) tem uma responsabilidade criminosa: contribuiu alegremente para fazer da escola uma bandalheira, em conformidade com a bandalheira mais geral que grassa na sociedade portuguesa. Alguém lhe chamou "eduquês". Mas não era exagero se se lhe chamasse "porcalhês".

3 de abril de 2012 às 19:18  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro J. Batista,

Espero não me ter enganado...

Em baixo, junto à data-hora do comentário, aparece (só visível para o seu autor e para o webmaster) um ícone de um caixote do lixo.
Basta clicar nele e confirmar.

4 de abril de 2012 às 09:50  
Blogger José Batista said...

Caro C. Medina Ribeiro.

Muito obrigado. Não se enganou.
O procedimento que recomenda foi o que tentei fazer mas, ou é da minha maquineta, já velhinha, ou das minhas mãos (ou de ambas as coisas), não estava a conseguir. Vamos ver se daqui a uns tempos já consigo apagar este...

4 de abril de 2012 às 18:03  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro J. Batista,

Também já me tem acontecido querer apagar comentários meus e não conseguir na altura. Devem ser caprichos do "Blogger"; o melhor é não ligar...

4 de abril de 2012 às 19:17  

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