3.4.12

Vendas

Por João Paulo Guerra

DUAS semanas após os jornais apregoarem que Santa Comba vai lançar a “marca Salazar” para vender vinhos e enchidos da região, a imprensa anuncia que Adolfo Hitler vai vender champôs, pizzas, chás e outros produtos.

Já que está com a mão na massa dos horrores, o mercado podia encarar a hipótese de lançar a linha de produtos de salsicharia dr. Mengele ou uma rede de campos de férias Reichsführer-SS Heinrich Himmler. Ao nível doméstico, Portugal poderia apostar no turismo prisional, com estâncias em Caxias e Peniche, e com modalidades como o fim-de-semana prolongado com tortura do sono, uma noite de espancamentos ou férias grandes no isolamento.

A moda Salazar, em Portugal, como a moda Hitler, lá fora, são sinais dos tempos. Há uma inclinação para os homens providenciais, que facilmente se transformaria numa tendência eleitoral. Aliás, Hitler foi eleito e Salazar só não foi porque o asco ao povo era superior à evidência de que o ditador facilmente conseguiria vencer eleições marteladas. E depois, e esta é a grande questão, o salazarismo só foi denunciado ao nível dos ‘slogans' e não foi explicado de modo a jamais constituir uma ilusão.

Além disso, há algo de salazarento no hálito do poder que sopra em Portugal. Sendo que esse cheirum a ranço se tem sabido apresentar como alternativa à pestilência da manigância, do descaminho, do fartote. De maneira que 44 anos após cair da cadeira, Salazar ainda mexe. O ditador que nunca venceu eleições ganhou um concurso de televisão e o seu nome na capa de um livro é sinónimo de ‘best-seller' no mercado português.

Cada um fica para o futuro no mausoléu que melhor lhe serve. O nome do ditador fica a matar associado a carnes frias.
«DE» de 3 Abr 12

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2 Comments:

Blogger 500 said...

Consta, em Espanha, que se o país sair do euro, a nova moeda vai ser o Franco (espanhol, está bem de ver).

3 de abril de 2012 às 23:11  
Blogger Laura Cachupa Ferreira said...

Comparar o Hitler com Salazar é como comparar o Farsola de Massamá, Passos Coelho, a um primeiro ministro.

4 de abril de 2012 às 10:51  

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