10.9.12

A dor de cabeça

Por Alice Vieira
NEM SABIA há quanto tempo não entrava naquele jardim, perto da casa onde nascera. Ou antes: do sítio onde nascera, já que a casa há muito se transformara num stand de automóveis.
Uma vez passou por lá e ficou feita parva a olhar para a montra, pensando se o lugar da cama da mãe seria ali onde então se exibia um Aston Martin em todo o seu esplendor, ou, se calhar, lá mais para o fundo, onde se situava a secretária do vendedor.
Riu-se e o vendedor, lá de dentro, franziu os olhos, certamente nunca devia ter visto ninguém rir diante da montra, e ela desceu logo a rua, não fosse ele chegar à porta e perguntar “deseja alguma coisa?”, e ela “nasci onde o senhor está sentado.” (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas: