28.9.12

Da série: Não Somos Belgas

Por Ferreira Fernandes
NUMA sofisticada revista chamada Monocle (monóculo, em português), de sede londrina e temas entre a política internacional, a moda e o design, caí sobre uma velha palavra portuguesa: alpargatas. É o nome de uma empresa de São Paulo centenária, que começou com sandálias rústicas para frades e é hoje a principal produtora de calçado da América Latina, dona da marca universal Havaianas. As Havaianas são brasileiras, mais não podiam ser, pela cor e alegria no pé, mas o facto é que são feitas por uma empresa que se chama Alpargatas, desde 1907, essa é que é essa. Alpargatas. 
Toda esta Monocle (edição de outubro) é sobre essa coisa difusa que ora une portugueses e brasileiros, ora macaenses e angolanos, ora brasileiros e moçambicanos, isso que na capa da grossa revista (253 págs.) se chama: "Geração Lusofonia." 
Gostei do caldeirão em que a revista nos metia. Por exemplo, no mesmo artigo sob o título "Brasileiros em França", dizia-se 1) que 14 por cento dos imigrantes em França são portugueses e 2) que o brasileiro é o 4.º turista que mais reclama a devolução do IVA ao deixar de Paris... 
Faz dessas misturas que eu gosto. Numa das páginas, a revista dá esta sugestão: todos os países lusófonos têm costa, não é tempo de uma armada lusófona? Monocle não é só de dandy, permite mesmo ver, focar melhor. 
Mare Nostrum, Atlântico Sul, triângulo do futuro, com uma base imensa, Rio-Luanda, e a ponta inicial no Tejo. Só não vê quem é cego. 
«DN» de 28 Set 12

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