27.10.12

À procura do eleitor dançarino

Por Ferreira Fernandes
PARA A SEMANA, abalo para a América das eleições. Vou para o Ohio, e penso encontrar o eleitor que decide essas coisas. 
Como se sabe, há estados, Califórnia e Texas, por exemplo, que apesar de grandes não põem o olho nos candidatos durante a campanha presidencial. Uma é democrata desde sempre, tal como o outro é republicano e já se sabe que voltarão a sê-lo a 6 de novembro. Como no sistema americano todos os votos eleitorais de um estado vão para o partido vencedor, ninguém tenta convencer os texanos e californianos, já convencidos. Mas como no Ohio se ganha sempre de resvés, ora um, ora outro, nesta campanha já passaram 41 mil anúncios de Obama e de Romney nas televisões do estado. 
O Ohio, além de dançarino, tem esta particularidade: quando se inclina para um, esse ganha no país. Desde 1896, só se enganou em 1944 e 1960. Só não lhe chamo oportunista porque ele não é como esses que mudam de casaca, ele é que entrega a casaca ao vencedor. 
Ora o Ohio, sendo dançarino e perspicaz, tem um condado (digamos, um concelho nosso) que não lhe fica atrás: Stark, 375 mil habitantes, acerta sempre dando 50% e uns pozinhos ao vencedor nacional. Resumindo, em Ohio, dançarino e acertador, há Stark, condado dançarino e acertador - e é aí que eu quero encontrar o eleitor que, variando bem, acertou sempre nos últimos 80 anos. 
As eleições americanas sendo tão caras, se eu encontrar o tal eleitor talvez ajude a resolver a crise. 
«DN» de 27 Out 12

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