Derrotem-no que ele gosta
O
MINISTRO Gaspar tinha um problema: o défice. Então, apresentou a
solução 1: cortes de subsídios dos funcionários. Mas o decreto foi ao
Tribunal Constitucional e chumbou: à medida faltava equidade, só batia
em parte dos portugueses e poupava outros. Quem gostou do chumbo foi o
próprio ministro, porque entretanto tinha-se agravado o tal défice e
dava-lhe jeito aumentar, somando os privados aos funcionários, o
universo a quem bater.
Gaspar inventou, então, a solução 2: mudanças na
TSU. Porque digo que ele gostou da oportunidade de passar da solução 1
para a solução 2? Ora, porque todos os ministros das Finanças adoram
aumentos de receita. Aconteceu, porém, que a nova solução também não
vingou. O povo saiu à rua e a TSU foi corrida.
Quem gostou do novo
desaire, quem foi? Já adivinharam, o ministro das Finanças. Ele esfregou
as mãos com a derrota da solução 2 porque, entretanto e mais uma vez,
já precisava de ir mais longe e passar à solução 3. Foi o que conhecemos
ontem: o aumento brutal do IRS. Ou, como diria o ministro Gaspar, um
upgrade, mais um aumento da receita.
E eu já tremo por alguém (rua,
tribunais, o que seja) tentar chumbar a 3 e obrigue o ministro ao prazer
da solução 4.
Portugueses, fiquem quietos: estamos a criar um monstro,
um sadomasoquista, que adora ser derrotado na sua medida anterior só
pelo prazer que lhe dá em bater-nos ainda mais com a medida seguinte.
Por favor, não lhe alimentem o vício.
«DN» de 4 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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