6.10.12

Hastear o atual estado de alma

Por Ferreira Fernandes
A NOSSA é diferente da bandeira das Filipinas. Esta tem uma estrela que representa a ilha de Mindanau, já a nossa deve ter qualquer coisa da Fossa de Mindanau que tão bem nos simboliza. Por outro lado, deveríamos imitar uma particularidade única da bandeira das Filipinas. Esta tem duas bandas horizontais, azul e vermelha, e hasteia-se com o azul cimeiro em tempos de paz e inversamente em tempos de guerra. 
Sendo as bandeiras símbolos, a pirueta não está mal lembrada. Os portugueses de hoje, por exemplo, deveriam ser simbolizados de forma diferente do que eram ainda recentemente. Continuamos a ser sempre portugueses e legítimos herdeiros da esfera armilar que os antigos nos deixaram, é certo. Mas nestes dias alguma coisa se nos quebrou, que permitiu que uma deputada tenha dito, no Parlamento, que quem lhes paga, aos nossos deputados, é a troika. Como que em resposta, ontem, um presidente de câmara insurgiu-se contra o estatuto de bom aluno que nos (ao nosso nobre povo) "menoriza e infantiliza." Por acaso, deputada e edil são de bordos políticos diferentes, mas só por acaso conheço fortes e fracos de ambos os lados. 
Mas o que o presidente da câmara acertadamente denunciou (e que a lamentável frase da deputada comprovara) é que precisamos de um ligeiro toque no nosso símbolo, de forma a retratar o atual e bizarro estado de alma nacional. O destino, ontem, invertendo a bandeira, deu uma boa solução.
«DN» de 6 Out 12

Etiquetas: ,