5.10.12

Um perfume que nos trata como cidadãos

Por Ferreira Fernandes
A CACHAREL fez uma campanha publicitária para lançar um novo perfume. Serviu-se de uma técnica, chamada teaser, que consiste em lançar mensagens enigmáticas para, já com a nossa atenção presa ao anzol, revelar o produto. 
Foi assim: um rapaz português, Ricardo, encontrou uma francesinha, Diana, numa manifestação contra a austeridade. Diana terá sussurrado "catch me" (na Cacharel sussurra-se sempre, lembrem-se de "Lou Lou, c'est moi..."), e foi o que Ricardo tentou toda a noite, apanhá-la. Mas ficou-se por um beijo, a revelação do nome, Diana, e uma foto difusa. Nem endereço, nem forma de contacto, só um desafio: "Procura-me por Lisboa, mas dia 14 volto para Paris..." 
O Ricardo colou cartazes por Lisboa - "À Procura de Diana" - e o teaser pegou. Página de Facebook com milhares de seguidores, os portugueses são uns corações moles, sobretudo com casos virtuais. 
Mais virtuais do que os portugueses são ainda os jornalistas portugueses: entrevistaram o Ricardo e contaram o que julgavam ser uma história de amor. Agora, ficou a saber-se que era uma campanha publicitária. Parece que há gente indignada no Facebook, e é normal que assim seja. As pessoas já se habituaram aos teasers do dia a dia: mensagens enigmáticas sobre a crise e os défices para, já catatónicos e sem reação, levarmos com medidas brutais. Mas se de quem governa já esperamos que se borrifem para nós, de perfumes de mulher exigimos mais classe e sermos vaporizados. 
«DN» de 5 Out 12
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NOTA (CMR): sobre este assunto, ver texto e foto - p. ex.-  [aqui].


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1 Comments:

Blogger Mirna said...

Eu gosto de usar perfume e perfumes são caros. De modo que não tem álcool é importante. Eu uso perfumes Cacharel, e eu estou feliz com o desempenho.

17 de outubro de 2012 às 03:36  

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