Um perfume que nos trata como cidadãos
A
CACHAREL fez uma campanha publicitária para lançar um novo perfume.
Serviu-se de uma técnica, chamada teaser, que consiste em lançar
mensagens enigmáticas para, já com a nossa atenção presa ao anzol,
revelar o produto.
Foi assim: um rapaz português, Ricardo, encontrou uma
francesinha, Diana, numa manifestação contra a austeridade. Diana terá
sussurrado "catch me" (na Cacharel sussurra-se sempre, lembrem-se de
"Lou Lou, c'est moi..."), e foi o que Ricardo tentou toda a noite,
apanhá-la. Mas ficou-se por um beijo, a revelação do nome, Diana, e uma
foto difusa. Nem endereço, nem forma de contacto, só um desafio:
"Procura-me por Lisboa, mas dia 14 volto para Paris..."
O Ricardo colou
cartazes por Lisboa - "À Procura de Diana" - e o teaser pegou. Página de
Facebook com milhares de seguidores, os portugueses são uns corações
moles, sobretudo com casos virtuais.
Mais virtuais do que os portugueses
são ainda os jornalistas portugueses: entrevistaram o Ricardo e
contaram o que julgavam ser uma história de amor. Agora, ficou a
saber-se que era uma campanha publicitária. Parece que há gente
indignada no Facebook, e é normal que assim seja. As pessoas já se
habituaram aos teasers do dia a dia: mensagens enigmáticas sobre a crise
e os défices para, já catatónicos e sem reação, levarmos com medidas
brutais. Mas se de quem governa já esperamos que se borrifem para nós,
de perfumes de mulher exigimos mais classe e sermos vaporizados.
«DN» de 5 Out 12-
NOTA (CMR): sobre este assunto, ver texto e foto - p. ex.- [aqui].
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Eu gosto de usar perfume e perfumes são caros. De modo que não tem álcool é importante. Eu uso perfumes Cacharel, e eu estou feliz com o desempenho.
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