O 'caso' do general (não, não é esse)

Por Ferreira Fernandes

UM GENERAL e uma moça bonita - e temos um romance montado. Mas o general é casado e não o é com a moça bonita - e temos um escândalo. 

Há quem diga que as questões de adultério são assunto só dos envolvidos. Mas o que fazer quando se trata de um general, que pertence a um instituição de regras estritas? Mais: e se o general, durante o affaire, ocupa um cargo de responsabilidade máxima e controla os planos para defender o seu país? Não pode um caso extraconjugal impedi-lo de cumprir a sua missão, levá-lo a ser vítima de chantagem? Enfraquecê-lo perante o inimigo? Tantas perguntas, que só podem levar a uma resposta: o general deve ser demitido. E isso sem quaisquer razões morais, que não vêm ao caso. 

É assim, não haja dúvidas: o general Dwight Eisenhower devia ter sido demitido do seu cargo de comandante supremo das Forças Aliadas na Europa, durante a II Guerra Mundial. O seu caso com a motorista e secretária Kay Summersby, 35 anos, bonita (ex-modelo fotográfico), na Inglaterra cercada pelos nazis, pôs o Mundo Livre em risco. Demissão, pois! É certo que o facto de ele não ter sido demitido apesar do affaire ser conhecido - "ele anda a dormir com a bela motorista", disse o presidente Roosevelt à filha, na Conferência do Cairo, em 1943 - permitiu que Eisenhower planeasse o Dia D, em 1944, e o fim do nazismo, em 1945. Mas isso são futilidades da História. O que interessa é a grandeza das regras: um general é adúltero, demite-se! Não é? 

«DN» de 13 Nov 12