Os impostos aos quadradinhos
Por Ferreira Fernandes
ESTAMOS
em 2012 depois de Jesus Cristo, toda a Gália foi ocupada por
Hollande... Toda? Não! Porque há uma barriga irredutível que resiste ao
invasor. Esta barriga à volta de Obélix Depardieu sempre se sentiu
lesada pelo poder central. Ou é o druída Panomarix que lhe recusa a
poção mágica porque ele já caiu no caldeirão quando era bebé, ou é o
ministro das Finanças que lhe taxa o excesso de javalis. Tanta sanha
iria acabar mal.
Sabem como se chama o último álbum escrito por
Goscinny? Astérix Chez les Belges, Astérix entre os Belgas... Só errou
no personagem: quem partiu foi Obélix. O peso de tal mole humana indo
para tão pequeno país, estivesse René Goscinny ainda vivo, ele que
gostava de alusões, diria a Uderzo para desenhar o tropel de elefantes e
búfalos na savana de Serengeti, a maior migração de mamíferos do
mundo... Mas hoje os humoristas são mais grosseiros e o peso da migração
de Obélix Depardieu só mereceu uma capa do satírico Charlie-Hebdo:
"Será que a Bélgica vai aguentar tanto colesterol?" Lá aguentou, porque a
Bélgica adora os impostos dos outros.
História acabada, hora do bardo
cantar? Não, um bom álbum de Obélix tem muita bordoada. O
primeiro-ministro francês chamou "miserável" a Depardieu. "Ils sont
fous, ces Français!", explodiu o ex-francês, que, não tendo um menir à
mão, lhe atirou com o passaporte.
Ontem, já Putine lhe oferecia um novo.
Depois de Tintin no País dos Sovietes, vamos ter "Obélix e o Czar"?
«DN» de 19 Dez 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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