Ele seja ceguinho
Por Joaquim Letria
QUANDO
tomou balanço para vir a ser primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho
disse que não nos aumentaria os impostos (oh!oh!oh!) e jurou que iria
cortar os gastos, as gorduras e os desperdícios do Estado (ih! ih! ih!)
Ele
fosse ceguinho se não seria isso mesmo que ia fazer para aliviar a vida
a todos nós! Ao fim de ano e meio no Governo, fez exactamente o
contrário e as únicas coisas que não pioraram foram aquelas em que o
Governo não fez raspas.
Cortou
salários, pensões, aumentou impostos, criou taxas, empobreceu famílias e
deitou no desemprego e na miséria mais uns bons milhares de
portugueses, enquanto muitos outros tiveram de zarpar para verem se
arranjam com que pagar a bucha lá fora, na nova qualidade de emigrantes.
Hoje em dia, mais de dois milhões de portugueses enxameiam a Europa à
procura de trabalho ou a fazerem limpezas e a servirem à mesa.
A
recessão, o encerramento de empresas e o desemprego continuam a ser
galopantes. Mas o Estado não se contém nos gastos. Os institutos, as
fundações, os Boys & Girls, os especialistas e assessores em
ministérios e gabinetes de secretários de Estado, as empresas
municipais, as negociatas, as mordomias, os juros pagos pela dívida
pública, os bancos privados que vêm tirar mais dinheiro aos
contribuintes públicos são territórios livres de qualquer austeridade.
Os
trabalhadores, os pensionistas e as pequenas empresas sabem bem quanto o
regabofe lhes custa. São eles os grandes castigados pelo preço dos
privilégios de quem continua a mamar na teta do Estado.
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