25.1.13

Ele seja ceguinho

Por Joaquim Letria
QUANDO tomou balanço para vir a ser primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho disse que não nos aumentaria os impostos (oh!oh!oh!) e jurou que iria cortar os gastos, as gorduras e os desperdícios do Estado (ih! ih! ih!)
Ele fosse ceguinho se não seria isso mesmo que ia fazer para aliviar a vida a todos nós! Ao fim de ano e meio no Governo, fez exactamente o contrário e as únicas coisas que não pioraram foram aquelas em que o Governo não fez raspas.
Cortou salários, pensões, aumentou impostos, criou taxas, empobreceu famílias e deitou no desemprego e na miséria mais uns bons milhares de portugueses, enquanto muitos outros tiveram de zarpar para verem se arranjam com que pagar a bucha lá fora, na nova qualidade de emigrantes. Hoje em dia, mais de dois milhões de portugueses enxameiam a Europa à procura de trabalho ou a fazerem limpezas e a servirem à mesa.
A recessão, o encerramento de empresas e o desemprego continuam a ser galopantes. Mas o Estado não se contém nos gastos. Os institutos, as fundações, os Boys & Girls, os especialistas e assessores em ministérios e gabinetes de secretários de Estado, as empresas municipais, as negociatas, as mordomias, os juros pagos pela dívida pública, os bancos privados que vêm tirar mais dinheiro aos contribuintes públicos são territórios livres de qualquer austeridade.
Os trabalhadores, os pensionistas e as pequenas empresas sabem bem quanto o regabofe lhes custa. São eles os grandes castigados pelo preço dos privilégios de quem continua a mamar na teta do Estado.

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