Acéfalos bicéfalos
Por Ferreira Fernandes
ENTRE os que gozam uma mãe negra que chora o filho (escrevi, há um ano, sobre
um caso português: "Uma mãe negra a dar um beijo no seu bebé que
acabara de morrer, e na caixa de comentário há um leitor que escreve:
"Ainda bem, vamos pagar menos subsídios...") e os extremistas islâmicos
que em Inglaterra, durante os funerais de soldados britânicos, costumam
gritar: "Os soldados britânicos que ardam no Inferno!", entre esses dois
extremos, que não o são porque pertencem à mesma família dos imbecis, a
Europa vai ter de saber responder ao problema agora destapado pela
forma de comunicação do Exército francês no Mali.
Na minha crónica de
ontem falei do artigo do jornal Libération, intitulado "Os soldados
franceses no Mali não têm nomes de família?", interrogação que coloca um
problema novo: as autoridades escondem o nome dos seus soldados no Mali
porque receiam pelas famílias deles em França.
Países em guerra sempre
tiveram de se precaver internamente contra espiões e sabotadores. Mas
estas eram ações de quinta-coluna, pouca gente, só capaz de ataques
específicos. Hoje, pelo que se deduz do receio do Ministério da Defesa
francês, há uma multidão que pode permitir-se atacar as famílias dos
soldados... É uma declaração de impotência sobre a atual construção das
nações europeias.
Combater com vigor os acéfalos que se apresentam
bicéfalos (racistas e extremistas islâmicos, uns que excluem, outros que
se autoexcluem) é prioritário.
«DN» de 7 Fev 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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