7.2.13

Acéfalos bicéfalos

Por Ferreira Fernandes
ENTRE os que gozam uma mãe negra que chora o filho (escrevi, há um ano, sobre um caso português: "Uma mãe negra a dar um beijo no seu bebé que acabara de morrer, e na caixa de comentário há um leitor que escreve: "Ainda bem, vamos pagar menos subsídios...") e os extremistas islâmicos que em Inglaterra, durante os funerais de soldados britânicos, costumam gritar: "Os soldados britânicos que ardam no Inferno!", entre esses dois extremos, que não o são porque pertencem à mesma família dos imbecis, a Europa vai ter de saber responder ao problema agora destapado pela forma de comunicação do Exército francês no Mali. 
Na minha crónica de ontem falei do artigo do jornal Libération, intitulado "Os soldados franceses no Mali não têm nomes de família?", interrogação que coloca um problema novo: as autoridades escondem o nome dos seus soldados no Mali porque receiam pelas famílias deles em França. 
Países em guerra sempre tiveram de se precaver internamente contra espiões e sabotadores. Mas estas eram ações de quinta-coluna, pouca gente, só capaz de ataques específicos. Hoje, pelo que se deduz do receio do Ministério da Defesa francês, há uma multidão que pode permitir-se atacar as famílias dos soldados... É uma declaração de impotência sobre a atual construção das nações europeias. 
Combater com vigor os acéfalos que se apresentam bicéfalos (racistas e extremistas islâmicos, uns que excluem, outros que se autoexcluem) é prioritário. 
«DN» de 7 Fev 13

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