Portas é uma fronteira aberta
Por Ferreira Fernandes
HÁ DIAS, acerca da taxa sobre pensões, Paulo Portas foi claro: "Esta é a fronteira que eu não posso deixar passar!" Dita com o ponto de exclamação que não admite recuo, posto por aqueles seus olhos coruscantes, queixo levantado e dedo em riste. Nem sei como ele não se inspirou no Churchill que tanto aprecia: "Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas, suor e népias de taxa sobre pensões." Em todo o caso, informou cabalmente Passos da sua posição: "O primeiro-ministro sabe e creio ter compreendido." Homem de muita fé, Paulo Portas: Passos saber não quer dizer que tenha compreendido... A prova é que o Governo reuniu-se ontem com urgência (a moda atual é fechar as dos hospitais e abrir a dos ministros) para dizer que, afinal, a taxa sobre as pensões mantém-se. O lado negativo é que a taxa fica, o positivo é que Portas ganha nova base social de apoio, além dos feirantes e agricultores.
Depois do que aconteceu ao "esta é a fronteira que eu não posso deixar passar", ele tornou-se campeão dos contrabandistas: "Portas como guarda fronteiriço é que nos dava um jeitaço." E o melhor é que ele teve esta vitória sem fazer nenhuma cedência. Na reunião do Governo - e com os seus olhos coruscantes, queixo levantado e dedo em riste -, Portas conseguiu que a tal taxa só possa ser usada "como solução de último recurso." Ora, ninguém está a ver este Governo a deitar mão a soluções de último recurso, pois não?
«DN» de 13 Mai 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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