Crato, os professores e a não política
Por Ferreira Fernandes
FORAM
para a política quando deviam ter ido para patrões no Bangladesh. Ali
não precisariam de saber fazer política - isto é, prevenir, ceder aqui e
influenciar ali, ser maquiavéis e discutir... -, só precisavam de
distribuir umas lamparinas em caso de reticências. Mas não, foram para a
política, a arte do compromisso. O azar é que lhes calhou a taluda e
chegaram ao Governo. Era como se o alheado do Vítor Gaspar chegasse a
ministro das Finanças. Ah, chegou?! Então já sabem. O problema é que ele
não é caso único de tipo que chumba cada dia.
Por falar em chumbar,
peguem no Crato dos exames. Foi para patrão dos professores, um sector
coriáceo (tão duro e tão cego que foi dos que mais ajudaram a instalar
esta trupe no Governo). Ministro, Nuno Crato tinha um plano para tirar
poder aos professores. Atenção, não vou aqui discutir se é justo ou não,
digo que há plano. Logo, se era para os combater, um político nunca
teria pensado em fazê-lo quando os professores são mais capazes de
mostrar a sua força de grupo. Ora que altura escolheu o ministro para o
confronto? A época de exames, que é como invadir a Rússia no inverno.
Dando-se conta da asneira, Crato recorreu aos tribunais para impedir a
greve dos professores. Pois ontem soube-se que ele não vai poder obrigar
aos serviços mínimos porque faltava papelada no que mandou para o
tribunal! Crato exige exames e ele próprio chumba a todos. Resta-lhe ir
para o Bangladesh mandar em mudos.
«DN» de 15 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Texto pouco inspirado, parece-me.
Os professores não precisam de patrão.
Precisam de um líder em quem acreditar.
E muitos acreditaram em Nuno Crato. Como homem, como intelectual e como desejável ministro da educação. Entre eles me conto. E não deixei de apreciar as qualidades de Nuno Crato, apesar de ser professor e de ir fazer greve. E faço-a não por me sentir pertencer a qualquer sector coriáceo, muito menos cego, que tenha levado pilantras para o poder. Para esse resultado talvez tenha contribuído mais certo escol de jornalistas que parecem funcionar por encomenda. Só assim se percebe que endeusem uma peça como Sócrates, tão sério a cursar engenharia como a fazer projectos urbanísticos como a desgovernar o país. Estes são péssimos, são, mas são apenas a continuação.
Andam tão preocupados em tirar poder aos professores, mas que poder?, se eles ao menos tivessem o de educar certos meninos que mais ninguém parece educar...
Pobre país, que parece ter escolhido mal os inimigos...
Não querem antes extinguir a escola?
Mais vale que invadir a Rússia em qualquer altura.
Penso eu.
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