20.7.13

E foi para isto que o País parou dez dias?

Por Ferreira Fernandes
AMIGOS mais levianos criticam-me por tratar aqui de assuntos demasiado profundos. É o caso, nos últimos dias, do Marreta, touro de um só corno que por duas vez fugiu para o maquis. Admito, até bebo nos clássicos para compreender o Marreta: sabiam que Séneca tem uma carta sobre "a fuga de si mesmo"? 
No entanto, é injusto dizer que não ligo a coisas mais levezinhas. Ainda no sábado passado, escrevi sobre a paródia, tão engraçada, de Cavaco ter parado o País só para fazer prova de vida. Escrevi: "[...] o PR falou. Podia ter puxado o tapete ao Governo, mas não o fez. Podia ter-lhe dado a bênção, e também não o fez. O que fez foi dizer hakuna matata..." Como veem, também sei apreciar quando um pândego lança propostas inverosímeis e, durante dias e dias, atira o País para o galheiro com soluções que não o eram. Como sei que não o eram? Comprei na mesma loja que me vendeu que o Sol se põe a poente. Daí ter escrito: "Hoje é sábado e estamos assim. Voltamos a falar no próximo sábado, 20 [hoje], dez dias depois do começo da inquietação, está bem? Então, quando não houver Governo PSD/CDS, com apoio do PS, nem governo presidenciável, mas, isso sim, o exatíssimo governo que havia na tarde do dia 10 [quando Cavaco desatou a propor coisas]", então, podemos ver que tudo isto era brincadeira... 
Repito, de vez em quando não me importo de escrever sobre paródias. Mas brincar também cansa. Daí voltar amiúde aos assuntos sérios: onde para o Marreta?
«DN» de 20 Jul 13

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