1.8.13

Cartilha João de Deus

Por Ferreira Fernandes
COM MIL cuidados, como uma andorinha dos beirais a fazer ninho, ontem fiz uma crónica sobre o farto que estou da conversa fiada. Aproveitei a época de desastres ferroviários, sublinhando a vantagem que estes têm (nessa matéria, factos versus parlapié) em relação ao desastre geral, à moldura social, política, económica e financeira que nos afoga em vocabulário fátuo. A minha tese era: a culpa dos maquinistas mede-se pelo que diz a caixa negra; a dos políticos, pelo depende. Estes, se são de direita, não têm culpa para os da direita; e vice-versa. E todos ficam com a consciência tranquila porque, entretanto, os tão indulgentes com os seus, são ferozes contra os adversários. A minha conclusão, grosso modo e em modos grosseiros, era: merda para o "mente-não-minto" do ping-pong partidário. Resolva-se é o que diz a caixa negra dos swaps sobre as culpas de PS, PSD e CDS nessa matéria, em que todos se molharam na sopa de interesses. Guardem é a energia, se é que ainda vão a tempo, de se juntarem num sobressalto nacional contras os bancos que os enganaram e, sobretudo, nos enganaram. 
Pousei o ninho no local do costume, neste cantinho último do DN. Recolhi, logo ontem (o online dos jornais permite isso), uma multidão de comentários. Que diziam duas coisas: uns, que a culpa era do PS; outros, que a culpa era da direita. Senti-me um inútil intervalo no tal jogo de ping-pong. Seja, continuarei a voltar todas as primaveras. 
«DN» de 1 Ago 13

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