9.8.13

Para quando a revolta do papel?

Por Ferreira Fernandes
ALGUNS publicitários defendem que entre produtos já muito famosos algum recato até faz vender mais. A Coca-Cola, por exemplo, pode dar-se ao luxo de não pôr a marca na lata. Em alguns países, a marca foi substituída por um dos 150 nomes locais mais comuns entre os jovens. Ao que parece, uma qualquer Cristina vê como um apelo pessoal as gotículas frescas a escorrer entre o "Cristina" impresso nas latas dos, até aí, impessoais frigoríficos de supermercado. Ainda esta semana, o jornal britânico The Guardian escreveu sobre o sucesso dessa campanha. Já no Brasil, a Coca-Cola permitiu que aos 150 nomes iniciais se acrescentassem mais 50, estes já escolhidos não por indicação dos registos batismais mas por interatividade com os jovens clientes. Criou-se um Manifesto dos Sem Latas e na Net cada um lutou para que o seu nome, mesmo esquisito, passasse também a ser personalizado no famoso rótulo... 
É com uma inveja tremenda que vejo uma indústria com borbulhas a explodir em imaginação, enquanto a minha, a dos jornais, definha, sem mesmo procurar a cápsula. Que tal um jornal pessoalizado? Levar, cada dia, o leitor a sentar-se com Sócrates a propor swaps e, na tiragem seguinte, a demitir-se de Passos? É tolice? Será, mas morrer quieto é mais. 
Ontem, escrevi que "juízes, magistrados do Ministério Público, militares e diplomatas" ficam livres dos cortes nas reformas. É falso para "militares e diplomatas". Eu devia ter escrito "militares na reserva e diplomatas jubilados".
«DN» de 9 Ago 13