8.9.13

Rajoy pode ser vesgo mas não tem palas

Por Ferreira Fernandes
ONTEM à noite, os sites dos jornais espanhóis, de direita e de esquerda, lamentavam o mesmo: "Deceção olímpica!"... A capital espanhola concorrera à organização dos JO-2020, mas perdeu. Em Buenos Aires, onde se reuniu o Comité Olímpico Internacional, esteve presente o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, do partido de direita PP, empenhando-se na candidatura do seu país. Ainda no ano passado se discutia se Espanha iria ser resgatada pelo FMI e, agora, ali estava ela a candidatar-se para o que é uma saga desportiva e um grande espetáculo, tudo bonito, mas que é também um sorvedouro de dinheiro. Não sei se, ponderados os prós e contras, Espanha esteve certa no desejo. Sei é que para decidir ela pegou numa balança, e esta não foi só a de pagamentos. O governo de Espanha não se deixou ir só pelas contas financeiras. Teve em conta outras contas. Rajoy não desconhece a crise financeira do seu país, que continua, mas, como disse ontem quando ainda acreditava ganhar, o desporto espanhol desde 1992 (JO de Barcelona) "deu um salto", a cidade de Barcelona passou a "olhar o mar" e Espanha tornou-se o "terceiro destino mundial de turismo." 
Repito, não sei se Espanha escolheu bem ao candidatar-se. Mas vejo que o seu governo não decide só em função da dívida. Enfim, é preferível ser vesgo como Rajoy a ter palas como Passos. Desconfio de que Ângelo Correia não diria do PP espanhol que este estava impreparado para governar.
"DN" de 8 Set 13

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