11.10.13

E nós a ver naves espaciais

Por Ferreira Fernandes
PARA os críticos o filme de Alfonso Cuaron é galáctico, mas o astrofísico americano Neil Tyson, diretor do planetário de Nova Iorque, diz que 'Gravidade' está prenhe de erros. Ele sugere que o filme devia mudar de nome para 'Gravidade Zero', de tal maneira ([m]as não há meio de ficarem estrelas cadentes) George Clooney e Sandra Bullock interpretam mal as leis do Espaço. Ambos não sabem lidar com as "trelas" que nos habituámos a ver nos astronautas, o cabelo dela devia flutuar e o lixo espacial anda ao contrário do devido... 
Colecionador de anacronismos e inverosimilhanças de Hollywood, acho que quanto melhor for o filme mais interessante, claro, fica o erro. Já cheguei a voltar a ver um filme para confirmar as gafes que recolho no Internet Movie Database (IMDb), o site de tudo sobre todos os filmes. As explosões em 'Guerra das Estrelas' (1977, de George Lucas) podem abanar a sala de cinema mas não deviam ouvir-se no quase vazio cósmico... Sinto suspense idêntico ao das facadas de Anthony Perkins em 'Psico', quando aguardo os segundos de 'Spartacus' (1960, de Stanley Kubrick) em que Antoninus (Tony Curtis), criado de um general romano, aparece de Rolex no pulso. Como raio um criado do séc. I antes de Cristo tinha dinheiro para comprar um relógio suíço? 
Isto para vos dizer que, no cinema como na vida, perdoo quase todos os erros. O único pecado mortal são os erros de 'casting', escolher quem não se deve. Na política é flagrante.
«DN» de 11 Out 13

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