"A Spielberg case"
Por Antunes Ferreira
EU BEM suspeitava que transportava comigo uma segunda derme,
perfeitamente acoplada à pele, talvez mesmo indissociáveis ambas. Especifico: à
minha pele; ou seja à minha
epiderme. A este propósito e antes de me alongar (prometo que me encurtarei),
venha a clássica consulta à Wikipédia. A epiderme (do grego Επιδερμίδα
epi+derme; em cima da pele) é a camada mais superficial
da pele, ou seja, a que está directamente em contacto com o exterior.
É um epitélio escamoso estratificado que actua como importante
barreira do corpo em ambientes inóspitos, protegendo a pele contra infecções,
perdas de calor e outras, nomeadamente em partes mais sensíveis, contra
traumas.
Mas nunca pensei que
essa duplicidade dérmica fosse suficientemente evidente para que outras pessoas
a descortinassem. Como andava enganado? Aqui há uns dias, por obra de amigo
comum, reencontrei o Ilídio Guedes, meu companheiro até à quarta classe (quando
a havia). Daí para a frente nunca mais puséramos os olhos em cima dos outros do
outro e vice-versa. Foi uma alegria, podem crer. Mas, depois, uma ansiedade,
para terminar numa completa desilusão. Palavra puxa palavra, frase puxa frase e
a dada altura, surdiu a clássica… e como vais de amores? (...)
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