13.11.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
Cavaco Silva mostrou-se «surpreendido por Portugal ser um pouco a excepção» à prática existente noutros países europeus «e até na nossa vizinha Espanha, de diálogo frutuoso entre as diferentes forças políticas».
E manifestou a esperança de que o Governo e a Oposição «acabem por reconhecer, perante a realidade dos factos, que é necessário que se sentem à volta da mesa e cheguem a um entendimento de médio prazo».
É louvável o continuado esforço do Presidente da República. Mas Belém já deve ter reparado que António José Seguro não está mesmo nada para aí virado, convicto de que só se manterá na liderança do PS e só chegará um dia ao poder se rejeitar todo e qualquer compromisso ou negociação com o Governo. Diálogo, para já, só de surdos.
Por outro lado, Cavaco Silva veio revelar-se espantado com os cenários que lhe apresentam de eleições antecipadas: «Já disse que é bom que Portugal seja na Europa um país normal e o normal na Europa, de que nós fazemos parte, é os mandatos dos Governos serem cumpridos» até ao fim. Caso contrário, não deixou de salientar o Presidente, «os outros olham para nós e os mercados também e dizem ‘aquele país até parece ingovernável’».
Aqui chegados, torna-se um pouco difícil seguir a lógica e a coerência do raciocínio de Cavaco Silva. Não foi ele quem propôs, no início do Verão, ainda não há seis meses, um ‘compromisso de salvação nacional’ entre PS, PSD e CDS que passava pela marcação de eleições antecipadas para 2014 e a manutenção, até lá, de um Governo a prazo, ferido de morte e sem autoridade política?
Nesse cenário, arquitectado por Belém e levado à cena pelo próprio Presidente, ‘os outros e os mercados’ não iam achar o país ingovernável? Portugal, que ia acrescentar eleições e incerteza política à crise económica e financeira, não seria visto como «um país anormal dentro da Europa»?
Cavaco Silva terá, seguramente, respostas para estas perguntas. Para já, pode ter a certeza de que o PS só despertará para a necessidade de entendimentos políticos a prazo no dia em que chegar ao Governo e se vir obrigado a aplicar as directivas de Bruxelas. 
«SOL» de 8 Nov 13

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1 Comments:

Blogger 500 said...

Cavaco Silva sempre foi um político contraditório. Nada de novo.

13 de novembro de 2013 às 19:32  

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