Presidente anuncia antecipação do Natal
Por Ferreira Fernandes
Na Venezuela estão a acontecer coisas maravilhosas. Em outubro, o Presidente Nicolás Maduro criou o vice-ministério para a Felicidade Suprema do Povo. No fim do mês, Maduro convocou os jornalistas para espalharem a boa-nova: uma imagem do seu antecessor, Hugo Chávez, falecido em março, apareceu nos subterrâneos do Metro de Caracas. E, na sexta-feira, no palácio presidencial de Miraflores acenderam-se e soaram luzes e hinos natalícios quando Maduro decretou: "Feliz Natal 2013, Natal mais cedo, vitórias mais cedo, felicidade mais cedo para toda a família!"
Na Venezuela, Natal é quando o Presidente quiser. Como se passou nas Américas apetece recordar o ovo de Colombo: a ideia, deslumbrante, é simples mas era preciso que alguém se lembrasse dela. Viver o realismo mágico de Nicolás Maduro vale algumas páginas do colombiano Gabriel García Márquez. Em Cem Anos de Solidão, Maurício Babilónia anda sempre acompanhado por uma nuvem de borboletas amarelas e, nas eleições de abril passado, a Maduro apareceu-lhe um "pajarito chiquitico". Era Chávez, que nas palavras de Maduro lhe voou três vezes à volta, pousou num ramo e anunciou a vitória. É verdade que nas coisas práticas a coisa não vai lá, há crise na Venezuela. Mas crise também nós a temos, sem a doce ilusão do Natal antecipado. Nem mesmo, já estou por tudo, uma aparição de Cavaco na estação de Socorro. Um passarito sopra-me: "Já não há estação de Socorro." Eu não vos dizia?...
"DN" de 3 Nov 13Etiquetas: autor convidado, F.F
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