Belém, out, Panteão, in
Por Ferreira Fernandes
Estamos à beira de um vazio de poder: o Palácio de Belém pode tornar-se devoluto.
Depois dos coches do rés-do-chão se prepararem para mudar de casa, o inquilino dos andares de cima, que tem arrendamento até 2016, poderá não ter a quem entregar a chave. Leiam as notícias. Jorge Sampaio: "Eu, voltar? É boato." Marcelo? Amuou. Durão Barroso? Diz o Expresso que tomou o gosto pela Europa: sonha com a presidência, sim, mas do Conselho Europeu. E, a falhar isso, prefere uma "sabática". Esta é geralmente entendida como uma licença concedida aos professores mas o Expresso, que é prosaico, suspeita que Durão vai é acumular cachets em conferências internacionais. Como o criticar, quando Cavaco Silva tanto tem prevenido que Belém não dá para as despesas? Olhem outro que não quer o palácio: Guterres. É que Belém, no princípio de 2016, inviabiliza o cargo de secretário-geral da ONU, vago em fins de 2016...
Tanta nega é uma boa metáfora sobre o desejo que Portugal suscita. A juventude emigra do País e os senadores rejeitam o mais alto cargo da Nação. Na impossibilidade constitucional de recorrermos a um cabo-verdiano ou a um ucraniano, só vejo uma solução: mudar de bairro. Sim, leiam os sinais. Se Belém ninguém quer, então, pensem na freguesia de São Vicente. Ponham a Presidência no Panteão, e será um corrupio de candidatos. Aliás, o Panteão é o sítio ideal para fazer de morto, a mais comum das funções presidenciais.
«DN» de 26 Jan 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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