6.2.14

Outro exemplo do trouxe-mouxe

Por Ferreira Fernandes 
Ontem falei do país que somos a trouxe-mouxe. Fiz contínuas alusões às praxes, palavra também com X, a letra incógnita. Paga para resolver incógnitas, a polícia de investigação é um dos sectores mais trouxe-mouxados. 
No famigerado caso do Meco também para aí caminhamos. Um grupo de sete jovens foi à praia do Meco e a excursão noturna acabou em tragédia: seis foram tragados pelo mar. Dias depois, o presumível acidente começou a encher-se de mistérios. Os jovens estavam ligados a praxes académicas - que, entre outras coisas, têm atividades absurdas - e foram vistos horas antes a praticar coisas tão esquisitas como rastejar com as pernas amarradas a pedras. Às coisas absurdas e esquisitas podemos, em geral, encolher os ombros. Porém, quando elas precedem a enormidade da morte de seis jovens, exige-se aos especialistas de mistério que o resolvam. A polícia devia ter agido logo. Havia a sorte de existir uma testemunha. Qualquer polícia que não fosse a trouxe-mouxe saberia, primeiro, da urgência em conversar com ela. Uma testemunha a quente trabalha-se, mas a frio (de mês e meio!) encolhe-se na carapaça que julga conveniente. E, segundo, uma polícia eficaz saberia conversar. Saber conversar com testemunhas é dos saberes mais preciosos de uma boa polícia. Teríamos no fim dessa diligência a convicção ou de ser boa a hipótese do acidente ou de haver contradições na testemunha. Receio que fiquemos com mais uma nebulosa às costas.
«DN» de 6 Fev 14

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Como é da praxe.
E dos "praxenetas".

6 de fevereiro de 2014 às 18:45  

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