15.8.14

Estar com o coração nas mãos

Por Ferreira Fernandes 
Nada mais efémero do que uma expressão idiomática, aproveito o feriado para reatualizar algumas. "Abandonar o barco", agora diz-se política de pescas. "Andar aos papéis" - jornal com mau online. "Bater no fundo" - ilusão, como se vê sempre pouco depois. "Apanhar por tabela" - contribuinte lendo o Portal das Finanças sobre o IRS. "Dar trabalho" - as empresas portuguesas estão cada vez mais fáceis, nunca dão. "Estar com a pedra no sapato" - todas as indústrias portuguesas menos a do calçado. "Dar a volta" - é à portuguesa, exagerada, 360 graus e não se sai do sítio. "Está aí para as curvas" - ir à praia só para olhar. "Baixar a bola" - contratações do Benfica 2014-15. "Estar de cabeça quente" - só se foi em verões passados. "Estar por dentro" - Marques Mendes. "Fazer de conta" - orçamento retificativo. "Fugir com o rabo à seringa" - política de contenção de gastos na Saúde e agora diz-se fugir com a seringa do rabo. "Fazer vista grossa" - supervisão. "Ir desta para melhor" - emigrar. "Negócio da China" - dar (enfim, é uma expressão idiomática) a luz. "Ter altos e baixos" - quem dera. "Ver-se livre de" - bad bank. "Ver-se a braços com" - good bank. "Ver a luz ao fundo do túnel" - só diz que vê quem tem medo doutra expressão idiomática: "bater no ceguinho"... "Comprar gato por lebre" - Ir a aumento de capital num banco e dar-se conta que ali havia gato. 
«DN» de 15 Ago 14

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