8.1.15

As idiossincrasias da direita ibérica

Por C. Barroco Esperança
A direita europeia preservou uma fatia de patriotas que combateu o nazi/fascismo, que se empenhou na clandestinidade, defendeu a liberdade contra o totalitarismo e discutiu com a esquerda o futuro político dos seus países, no pós-guerra. Em França e na Itália, democratas de diversos matizes combateram juntos. Morreram e foram fuzilados pela violência do totalitarismo que os atingiu, arautos da liberdade, combatentes contra o racismo, a xenofobia e o antissemitismo. Na própria Alemanha, a direita moderada quis derrubar Hitler. A direita europeia deu democratas como Churchill, De Gaulle e  De Gasperi.
A direita portuguesa e a espanhola estiveram conluiadas com as ditaduras, participaram no genocídio franquista, na guerra colonial portuguesa e na conivência com a repressão policial. Foi essa matriz genética que, passado o susto da revolução portuguesa de Abril, fez regressar as direitas ibéricas às origens. Foi a pulsão reacionária que, em Portugal, foi deixando pelo caminho os democratas que se reviam nos estatutos dos partidos da direita e se foram desencantando com os seus métodos, objetivos e ressentimentos.
De Sá Carneiro a Passos Coelho a deriva reacionária transformou os conservadores que Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Magalhães Mota e Pinto Balsemão uniram, neste bando ignaro de ressabiados, vingativos e inaptos cujo objetivo é a desforra dos anos em que os democratas foram poder. Foi um percurso longo, quase quatro décadas de espera, até a vulgaridade se tornar currículo, a ignorância diploma e a raiva se confundir com um programa de governo.
Esta direita pode ser boçal, anacrónica e cobarde, mas tem um objetivo claro, destruir as conquistas de Abril, o Estado social e os mais essenciais direitos dos trabalhadores. Nos escombros de um presidente, um governo e uma maioria ficarão sepultados a ilusão dos que acreditaram neles e o desespero de todos.
Bastam quatro anos para tornar irreversível o desastre que nos espera.

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2 Comments:

Blogger opjj said...

Ó Homem abra os olhos!
Fala em conquistas, mas isso só foi possível com o capital. Num país cheio de- como diz- esquerdistas, a sua vida era mais pobre que o salário mínimo.
Fala assim porque tem a barriga cheia. Isto está assim tão mau, porque razão Portugal foi quem mais comprou Mercedes e outras marcas? Só tenho pena de não ter também um Mercedes.
Quanto mais esquerdista é um país, pior está o povo.
Pior cego é o que não quer ver.

8 de janeiro de 2015 às 15:58  
Blogger Carlos Esperança said...

opjj:

Saúdo a sua hipertrofia visual.

8 de janeiro de 2015 às 16:11  

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