25.6.15

As religiões e o proselitismo

Por C. Barroco Esperança
Nada tenho contra os crentes e tudo contra as crenças, sobretudo quando os fiéis querem impor aos outros a sua fé e, muito especialmente, se recorrem à violência.

O ateísmo também merece igual censura se for sectário e violento. As guerras santas são devastadoras e a Europa tem longa tradição nesse desvario. Por mais que a componente económica influencie os conflitos, é o ódio religioso que aparece como o mais violento detonador de guerras.
Que raio de deuses inventaram os homens que precisam de religiões como agências de promoção e instrumento de coação?
A laicidade é a vacina que interessa a crentes de todas as religiões não dominantes, no espaço em que se inserem, bem como a todos os não crentes, e não pode ser descurada.
É tão perverso um Estado ateu como um confessional. O Estado deve ser neutro e evitar intrometer-se na vida das associações cuja liberdade lhe cabe respeitar e defender. Só o código penal deve limitar a demência do proselitismo e a violência dos prosélitos.
Não posso deixar de recordar Voltaire no leito da morte, a quem, como era hábito, para terem o troféu «converteu-se na hora da morte», pretendiam que «negasse o Diabo», ao que respondeu com fina ironia: «Não é o momento apropriado para criar inimigos».
Mais sarcástico, Christopher Hitchens, influente escritor e jornalista britânico, autor do livro «Deus não é grande», quando soube que, na sequência do cancro que o consumia, se faziam apostas na NET sobre se se converteria antes de morrer, declarou: «se me converter é porque acho preferível que morra um crente do que um ateu».

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2 Comments:

Blogger José Batista said...

Eu cá, tirando agora esta garotada fútil e perigosa do "estado islâmico", sempre associei guerras a interesses económicos. Mesmo quando eram feitas em nome das religiões. É claro que, para acirrar os ódios, nada melhor que as lutas em nome de Deus e com eficácia acrescida se incitadas e "protagonizadas" pelos líderes religiosos, com motivações de poder político e... económico.
Mas não sei se terei que rever a minha ideia.

25 de junho de 2015 às 21:51  
Blogger Carlos Esperança said...

Caro José Batista:

Também mantenho a dúvida metódica mas continuo a dar grande relevo à importância religiosa sem deixar de partilhar consigo o relevo da motivação económica, escondida ou evidente.

26 de junho de 2015 às 01:00  

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