12.7.15

Luz - Ribeira das Naus, Lisboa.

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Duas turistas acaloradas repousam e bebem água à beira Tejo. Uma delas ostenta uma horrenda “tatuagem” com gaiola e literatura chinesa. Bem que gostava de saber o que dizem os ideogramas! Seria engraçado que ela julgasse que se trata de poesia oriental, mas que o artista que tatuou se tivesse dado a uma liberdade poética e escrevesse qualquer coisa de inconveniente… Neste novo sítio de Lisboa, ou antes, neste velho sítio, tanto tempo desprezado e agora renovado e arranjado, os turistas são aos milhares todos os dias. Já lá os vi com e sem sol, com e sem calor, com e sem chuva. Assim como com e sem vento. Este é, aliás, um dos piores incómodos de Lisboa ao ar livre. Mas foi seguramente esta uma das razões do abandono a que foi votada a Lisboa do rio, assim como um motivo para a quase inexistência, durante décadas e décadas, de esplanadas na cidade. Agora, com meios de protecção de toda a espécie, são finalmente possíveis um copo ou uma refeição ao ar livre e com a maravilhosa luz de Lisboa ao fim da tarde. Pena é que venham cada vez mais os piercings, as tatuagens, os brincos extravagantes, os cadeados e as grilhetas penduradas do nariz… (2014)

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3 Comments:

Blogger Leo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

15 de julho de 2015 às 02:00  
Blogger Leo said...

Fiquei sem palavras para descrever a minha incredulidade ao ler este texto, carregado que está de um preconceito retrógrado, de um elitismo saloio saloio que julgava extinto, numa altura em que mesmo os mais velhos já se habituaram, através dos filhos ou dos netos, a aceitar, sem reservas, nem espanto, esta nova cultura urbana, esta forma descontraída de ser e estar.
Ainda bem que estes turistas e não turistas, urbanos, cosmopolitas que são, não se sentem minimamente perturbados com os olhares jocosos vindos grande parte de pessoas paradas no tempo em que se distinguiam dos desgraçadinhos andrajosos pela indúvia janota e que que por vestirem uma fatiota janota não se misturavam com os andrajosos e vice-versa, evidenciando a sua sensação de superioridade, de soberba, geralmente acompanhada de uma bem pensada dose de discrição e parcimónia, não fosse o cliché de novo rico cair em cima da testa.
Hoje, aquele que lhe parece um andrajoso tem se calhar mais dinheiro, mais educação, mais civilidade e sobretudo, mais humanismo - esse sim um predicado que nunca deveria passar de moda - do que o janota com o seu belo carro e telemóvel de última geração, não raras vezes, enterrado em dívidas, mas que, no entanto, persiste na sua maneira preconceituosa e pequenina de ver os outros.
Sou lisboeta, não tenho piercings, nem tatuagens e não me incomoda absolutamente nada estar sentado, numa esplanada junto ao Tejo, no meio de pessoas que as tenham ou que estejam cheias delas, pelo contrário, gosto de me sentir parte dessa diversidade de idades e de estilos.

15 de julho de 2015 às 02:29  
Blogger brites said...



Barreto foi um grande barrete para muitas pessoas. eu sou uma delas!

24 de julho de 2015 às 19:42  

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