7.4.16

Religiões, tolices e crimes – O combate necessário e urgente

Por C. Barroco Esperança
Não há qualquer religião cujo deus defenda o respeito pelas outras e, muito menos, por não crentes. Quanto maior é a crença de alguém por outra vida, depois da morte, menor é a tolerância pelas posições divergentes na única e irrepetível vida que nos coube.
 “A religião é um instrumento de paz” é o lugar-comum, politicamente correto, repetido à exaustão e cuja falsidade não é posta em causa, às vezes – e bem –, para evitar gestos primários de vingança contra minorias, e, quase sempre, para impedir a reflexão sobre o passado histórico da religião autóctone.
 O facto de se permitirem as frases anteriores, não se deve à indulgência do catolicismo, mas ao facto de ter sido politicamente reprimido na Europa. A liberdade religiosa só foi aceite pelo catolicismo no Concílio Vaticano II, há meio século, uma decisão que ainda provocava azedume em João Paulo 2 e Bento 16. Na Arábia Saudita deixavam em risco a ligação da cabeça ao tronco.
 “Só um Estado não confessional pode garantir a liberdade religiosa de todos”, dizia no DN, ontem, o padre Anselmo Borges, afirmação que ainda provoca a ira dos crentes que ficam insatisfeitos com as delícias que Deus lhes reserva, após a morte, e não dispensam a vindicta contra os que prescindem da conversão.
 Os cristãos aceitam que a Bíblia, tantas vezes alterada ao longo dos séculos, com vários Evangelhos considerados apócrifos, não foi ditada por Deus. É apenas a sua expressão humana, e têm, além disso, o NT que, salvo o vigoroso antissemitismo, que se explica por ter sido uma cisão do judaísmo, é um avanço na humanização dos preconceitos das tribos patriarcais da Idade do Bronze de que o AT é um documento histórico e literário.
 O Corão, cópia grosseira do cristianismo e do judaísmo, foi ditado pelo Arcanjo Gabriel a Maomé, o ‘último profeta’, entre Medina e Meca, a última vez que Deus falou, através do anjo. Assim, é inexequível refazer o que foi ‘revelado’ ao beduíno analfabeto, apesar de o texto atual ser do ano 800 da era vulgar, de predicação apaixonada nas mesquitas e ensino obrigatório nas madrassas, v.g.:
 "Sabei que aqueles que contrariam Alá e seu mensageiro serão exterminados, como o foram os seus antepassados; por isso Nós lhes enviamos lúcidos versículos e, aqueles que os negarem, sofrerão um afrontoso castigo." (Alcorão, Surata 58:5)
"Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Alá está com os tementes." (Alcorão, Surata 9:123)
 Em vez de se permitir à extrema-direita europeia combater os crentes, urge combater as crenças; em vez de se negociarem os refugiados com a Turquia, deve ser-lhes imposto o respeito pelos padrões civilizacionais europeus, incluindo a igualdade de género; em vez de se promover o diálogo inter-religioso e o multiculturalismo, deve exigir-se a renúncia aos valores que os mullahs exaltam e com que hordas de muçulmanos exultam; em vez de orações pela paz, é mais profícuo vigiar quem promove e financia a guerra santa.
 Se nas mesquitas, igrejas ou sinagogas, sedes de clubes ou partidos políticos, se prega o ódio e incita à violência, exige-se vigilância, denúncia, medidas de coação, julgamento e repressão política, segundo as normas do Estado de direito e não do direito teocrático.
 Ponte Europa / Sorumbático

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2 Comments:

Blogger bea said...

Penso que tem razão, há que atacar as raízes.
Sei que os piores crimes foram - e pelo visto ainda são - perpetrados por motivos religiosos, que as religiões foram e são causa de muita guerra e consequente morte. Que mesmo Portugal nasceu em parte de um cruzado que por aqui ficou de espada em riste considerando que os inimigos da religião (da sua) estavam afinal mais perto e era escusado ir para a terra santa; talvez também porque encontrou a sua - no sentido mais literal de propriedade - terra santa por aqui. Enfim. O que quero dizer é que apesar disso, o sagrado é unificador no seu apelo ao bem. E que, no meu entendimento, ninguém é dono de Deus seja Ele quem for. Nada existe de demonstrativo acerca de uma maior verdade religiosa desta ou daquela religião. Não sei o que diz esse padre, não estudei teologia nem tenho especial atenção aos textos sagrados. Mas é para mim uma evidência que a haver um Deus, Ele é amor. E como tal aceita todos os homens de bem. Sejam ou não religiosos (até por haver espíritos religiosos que o não sabem), deste ou daquele credo. Há muito caminho para Roma.

7 de abril de 2016 às 10:27  
Blogger Ilha da lua said...

A Cesar o que é de Cesar, a Deus o que é Deus...
Só em democracia funciona o estado de direito. Só em democracia, o estado é laico.
Infelizmente, a onda fundamentalista/ terrorista que assola o mundo numa imparável barbárie, tem a cobertura de estados teocráticos. Nesses estados são incentivados,
mentalizados e treinados para combaterem os que não perfilham as suas crenças. E, por muito que as democracias se esforcem em fazer cumprir as suas leis,enquanto não se resolver o problema na origem, os ataques vão continuar. Essa é a minha dúvida. Como combater este tipo de estados fundamentalistas e retrógrados, berço de fanáticos que em nome de um Deus destabilizam a democracia que tanto demorou a alcançar

9 de abril de 2016 às 01:31  

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