CAMINHOS DA MINERALOGIA (2) - Os minerais na Antiguidade
Por A. M. Galopim de Carvalho
É com
Teofrasto (372 – 287) que surge o primeiro tratado de mineralogia – As Pedras. A este discípulo de
Aristóteles se deve a primeira classificação mineralógica, tendo por base as
respectivas utilidades como minérios, pedras preciosas e pigmentos, tendo
descrito vários tipos de minerais, sobretudo gemas, e algumas rochas.
Houve, no
entanto, um longo caminho percorrido, no domínio do conhecimento das substâncias,
das suas natureza e constituição, cujos primórdios se perdem nas civilizações
mais antigas.
Os quatro
elementos primordiais ou princípios – ar, água, terra e fogo – impropriamente
atribuídos a Aristóteles (384 - 322 a.C.), considerados na Grécia antiga com
constituintes universais da matéria, são o culminar de uma concepção muito
anterior, que se desenvolveu gradualmente até ser formulada em termos mais
abrangentes por Empédocles, cerca de 450 a.C., como teoria dos quatro elementos
ou das substâncias. Sabemos hoje que o texto referido no lapidário de
Aristóteles tem origem na Pérsia, em meados do século IX a.C., de autoria
desconhecida. Nesta concepção do mundo coube a este que foi o fundador e mestre
do Liceu de Atenas, o mérito de a divulgar e de lhe dar crédito tal que a fez
singrar e resistir incólume por mais de dois mil anos. Esta visão, dita
aristotélica, teve a aceitação da Igreja Romana, que a adoptou e impôs, a ferro
e fogo, no essencial do seu conteúdo, opondo-a tenazmente à teoria atómica, da
escola de Mileto (séc. V a.C.). Deve dizer-se que esta outra visão da matéria
já tivera por parte dos hindus uma astuciosa antecipação, tendo sido os árabes
que a fizeram renascer através das tradições dos autores gregos e latinos,
reintroduzindo-a no saber renascentista europeu.
No que se
refere aos latinos, Plínio, o Velho (23 – 79 d.C.), uma das vítimas da
histórica erupção do Vesúvio, tem lugar de destaque através da sua monumental História Natural, em 37 volumes. Nesta
obra monumental o autor retoma Teofrasto e volta a falar de minérios,
pigmentos, gemas e também de algumas rochas como o mármore e o basalto.
Neste
historial da caminhada da mineralogia, há que dar o devido destaque à alquimia.
Chegada através do Egipto, primeiro à Grécia, teve em Roma a protecção de
Calígula (12 – 41 d.C.). Nesta escola árabe floresceu a Polypharmacia, actividade alquímica onde se queimava, sublimava, dissolvia e precipitava e que, de
mistura com outros procedimentos fantasiosos (à luz do conhecimento actual)
deram nascimento, não só à química como à mineralogia.
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