JÁ COMEÇOU O NOVO ANO LECTIVO
Por A. M. Galopim de Carvalho
Sem problemas de maior aí está o
novo ano lectivo e verifico com apreensão que os novos
programas referentes aos 10º, 11º e 12º anos da disciplina “METAS CURRICULARES DE
GEOLOGIA - Curso científico-humanístico de Ciências e Tecnologias”, cujas linhas gerais estão delineadas e que conheço no pormenor,
elaborados por uma equipa a que, de facto, reconheço competência científica e
pedagógica, continuam amordaçados, algures numa gaveta do Ministério…
Já o disse aqui, noutros escritos e onde quer que tenha sido ou seja
chamado a falar, que o professor deve saber muito, mas muito mais do que o
estipulado no programa da disciplina que tem, por ofício, de ensinar. E esse
muito mais está na abrangência dos seus conhecimentos, não necessariamente
especializados ou de ponta (indispensáveis no ensino superior), mas ao nível de
uma sólida cultura científica e humanística. E isso vem de trás, da formação
cívica que adquiriu, do modo como passou pela escola, pela universidade e do
proveito que tirou desse privilégio, numa sociedade plena de desigualdades como
tem sido a nossa. Mas esses conhecimentos, todos sabemos, estão ao seu alcance
nas bibliotecas das escolas e outras e, agora mais do que nunca, na inesgotável,
imediata e acessível via “on line”.
Para tal, os professores necessitam de tempo e, desgraçadamente,
forçados a múltiplas tarefas paralelas do ensino, tempo é coisa que os
professores não têm. Afigura-se-me, pois que, para além de uma necessária e profunda revisão
de tudo o que se relacione com o ensino desta área curricular (e, certamente,
de outras), há que libertar os professores de, praticamente, todas as tarefas
que não sejam as de ensinar. Uma tal revisão, como já o afirmei, a começar nos
programas, tem de repensar o complexo problema dos livros e outros manuais
adoptados (que envolve interesses instalados), a formulação dos questionários
nos chamados pontos de exame, sem esquecer a necessária e conveniente formação
dos respectivos professores.
Etiquetas: GC
2 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
..."há que libertar os professores de, praticamente, todas as tarefas que não sejam as de ensinar".
Obrigado, Professor Galopim.
Aquela frase devia ser óbvia para todos, mas não é...
Também há muita gente, mesmo no Ministério da Educação (ou principalmente aí) que pensa (?) e afirma que os professores não devem ensinar. Devem, tão só, fazer com que os alunos "construam o seu próprio conhecimento". Nesse papel, os professores são facilitadores da auto-aprendizagem, a que chamam de "significativa".
Dizem eles. E ninguém os prende.
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