Cavaco Silva e a decadência ética da direita
Por C. Barroco Esperança
Cavaco Silva não é um epifenómeno da degradação ética do regime, é o arquiteto desta direita que capturou o PSD e o CDS, o padrinho que, em Belém, procedeu à retaliação contra o 25 de Abril, com a inteligência de Paulo Portas, a inépcia de Passos Coelho e o ressentimento comum.
A esquerda, em especial a social-democrata, intimidou-se com o bullying da direita, que manteve designações democráticas (PSD e CDS) para melhor se vingar das conquistas populares. Social-democracia, Sempre! – dizia Pedro Passos Coelho, depois de expulso do governo pelo PS, BE, PCP e PEV, e de ter feito o mais implacável ataque ao setor público e as mais ruinosas privatizações. É preciso topete!
Cavaco divulgou um livro de 600 páginas onde 2/3 – diz a imprensa –, são sobre as 118 audiências com um PM caído em desgraça. Há nesse ódio doentio a pusilanimidade de quem forjou o escândalo das escutas, culpando a vítima (PS) e desmentindo o cúmplice (Fernando Lima) que, ressabiado, o denunciou, tendo então ficado em silêncio, tal como quando engendrou a notícia para o Público, onde estava José Manuel Fernandes.
Perante o facto inédito de revelar o conteúdo de audiências oficiais, sem testemunhas ou possibilidade de contraditório, é essencial conhecer o carácter do delator, do narciso que olhava o mar e não via submarinos à tona.
Melhor do que a nebulosa vida privada ou as faltas injustificadas na Universidade Nova, para lecionar na Católica (mais lucrativa), definem-lhe o carácter as decisões políticas:
1 – A reintegração no serviço ativo das F. A. e promoção a CEMGFA do general Soares Carneiro, ex-diretor do Campo de S. Nicolau e candidato derrotado à PR, contra Eanes;
2 – A atribuição de pensões a dois destacados elementos da Pide, por relevantes serviços à Pátria, pensão que recusou ao heroico capitão Salgueiro Maia;
3 – Em 1987, quando mandou votar Portugal ao lado dos EUA, de Reagan, e do RU, de Thatcher, contra uma resolução que exigia, entre outras coisas, a libertação de Mandela. [Resolução da Assembleia Geral n.º 42/23A – “Solidariedade com a Luta de Libertação na África do Sul”. (129 votos a favor, 3 contra e 23 abstenções). Mandela ficaria ainda preso mais três anos dos 27 que passou na prisão.]. Que vergonha para os portugueses!
4 – O seu governo vetou a candidatura de Saramago ao Prémio Literário Europeu, 1992, e agraciou o censor, Sousa Lara, com a Ordem do Infante D. Henrique, reservada a “quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro”, em 18-02-2016, prestes a perder o alvará das condecorações;
5 - No fim do último mandato, em desvario, quis dividir o grupo parlamentar do PS e fez ameaças nocivas ao País, na tentativa de evitar o atual governo, enfurecido contra a AR, que o viabilizou através da maioria dos deputados, democraticamente eleitos.
Urge defender a liberdade e a solidariedade. Cavaco é um inimigo, não pela relevância do sujeito, mas pelas cumplicidades que mantém e pelo desejo de vingança que o move.
Ponte Europa / SorumbáticoEtiquetas: CBE
5 Comments:
Se a demagogia pagasse imposto Portugal estava bem melhor.Isto para não falar já do ódio que transpira.
A venda de Portugal deve perguntar ao seu apaixonado pq pediu 78.000M€.
Não foi com seu ódio que Cavaco ganhou tantas vezes, foi com o povo verdadeiro.
Graças à publicidade de Cavaco, Saramago ganhou o nobel.
Saramago tb mostrava muito rancor por tudo o se lhe opusesse. A cegueira era tal que achava que Cuba mesmo na miséria era um paraiso.Paraíso para os Castro claro! e parece que está outro na forja.
Contudo, admiro e conheço toda a obra de Saramago. Nunca retiro valor a quem o tem.
Meu caro, apesar de toda a razão que possa ter, o seu ÓDIO por Cavaco Silva, é uma coisa indisfarçável. Olhe que, desta vez, opjj lhe faz contraditório com muita razão.
CBE, seja mais calmo, odiar prejudica-o, física e espiritualmente. Com o ódio que destila ao escrever, está sujeito a uma apoplexia. É de amigo que lho digo...
Caro CBE,
Os factos que relata são tão verdadeiros, quanto evidentes e coerentes.
A múmia cavaquista desconhece que morreu e não descansa em paz. A paz que, felizmente, não consegue já perturbar em nós. Pela minha parte, não o leio, não o oiço, nem quero vê-lo. Jaz no meu esquecimento. Mas parece-me bem que haja quem, fundamentadamente, não deixe esquecer o "legado" que deixou.
Felicito-o.
JB
Subscrevo o José Batista. "Pela minha parte,não o vejo,não o oiço,nem quero vê-lo"
Bom dia.
No presente, de que o actual post é exemplo, argumentos civilizados baseados em factos escasseiam. Amiúde grassam os ódios e insultos. Não comungo desse estilo.
Quanto ao referido, creio que em boa parte há lugar a muitas críticas a Cavaco Silva. Como todos nós fez boas coisas e outras lamentáveis.
Quanto ao General Carneiro, e eu não lhe vou dar factos, apenas refiro que já cá não está quem lhe poderia contar a história verdadeira, Mário Soares.
António Cabral
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