A tragédia mundial - De Bush a Trump
Por C. Barroco Esperança
A loucura do execrável dirigente norte-coreano tem uma lógica implacável. Vai longe o tempo em que os ditadores morriam de morte natural, excelentemente sacramentados, confessados e encomendados com missa de corpo presente, como Franco e, com alguns sobressaltos, Pinochet, ou apenas com sumptuosas cerimónias de Estado, como Mao ou Estaline, a título de exemplo, todos da galeria dos grandes criminosos.
A pressão internacional obrigou Saddam, no Iraque, e Kadafi, na Líbia, a abandonarem as armas que aterrorizavam o mundo. Foram assassinados, os seus países destruídos e os vizinhos destabilizadas. As consequências do crime dessas invasões devastadoras não serviram de lição aos autores, que ficaram impunes e nada aprenderam.
Kim-Jong-un parece ter sido o único que aprendeu, para desgraça planetária. Sabe que a sua sobrevivência depende do terror que o seu poder infunde, dentro e fora do país, e a China não pode deter quem prefere morrer, matando milhões de pessoas, a ser imolado.
Os EUA, com todos os erros e crimes cometidos, foram, pela sua supremacia militar, o garante de alguma previsibilidade nos equilíbrios geoestratégicos do Planeta, apesar da sobranceria e agressividade que desenvolveu depois da implosão da URSS.
Para mal da Humanidade, Al Gore perdeu as eleições para Bush-filho e Hillary Clinton para Donald Trump, e o mundo ficou mais vulnerável. Os EUA são, aliás, as primeiras vítimas das suas opções. O desprestígio e o prenúncio da decadência estão à vista, sem benefícios previsíveis para quem quer que seja.
Quando o presidente da maior potência renega os acordos de Paris, que procuram adiar o aquecimento global, crendo que faltam evidências onde sobram provas, ensandeceu.
Sem o aquecimento global, indiferente a quem visa lucros de curto prazo, também havia tufões, mas é inegável que a frequência, duração e intensidade dos fenómenos não atingiriam a dimensão e o poder destruidor cada vez maiores, sem esse aquecimento.
Para as vítimas das recentes tragédias vai a minha inteira solidariedade. Não vejo nelas o eleitorado de Trump, mas descendentes dos soldados que desembarcaram na Europa para a ajudarem a libertar do nazismo e do fascismo. São cidadãos comuns a quem as calamidades afligem.
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