9.1.18

O desbaste Santana-Rio

Por Ferreira Fernandes
Nada mais incerto do que o prazo de um governo. Uma solução governamental nunca pode dormir sobre as boas notícias, mesmo sendo elas sobre aquilo que conta para toda a gente, os índices económicos. Um sopro de incêndio estival - ou, pior, outonal - pode abalar todos os otimismos. António Costa sabe disso, ficou outro depois de Pedrógão e a maldita sequela. Então, porquê o vazio de oposição, desde que o PSD perdeu a liderança? Refiro o vazio do PSD, não conto com o arreganho do CDS, que Assunção Cristas (apesar da performance para a Câmara de Lisboa) não corre para primeira nem para segunda, mas tão-só para um maior bocado de menos de metade da direita. Então (quero eu dizer, não havendo nada mais incerto do que o prazo de um governo), tendo Passos Coelho abandonado, porque não houve candidatos a sério a substituí-lo? Santana é refogado e Rio é acanhado. E a campanha mostrou, deste, não mais do que julgávamos e, daquele, ainda pior do que nos lembrávamos (já nos tínhamos esquecido do que ele em eleições era capaz). 
À direita, a desesperança; à esquerda, o desejo errado na política: "Espero que ganhe, nos outros, o pior..." É que o pior dos outros nunca é garantido ser o adversário mais frágil contra nós - e, no caso de ele nos ganhar, perde o país. 
Contra este dilema geral, porquê, num partido que se arrisca sempre a ganhar, não houve entre os bons um calejado que agarrasse, enfim, a oportunidade? Ou um novato que a ousasse já? 
Chateia começar desasado 2018 quando as eleições são só para o ano.
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DN de 9 Jan 18

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3 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

De facto, uma boa Oposição é fundamental para a qualidade da governação (e até da Democracia), seja ela de um Governo Central, de uma Câmara Municipal ou de uma simples Junta de Freguesia.
Uma maioria absoluta é certamente muito agradável para governantes, mas uma triste realidade para governados:
A arrogância e a pesporrência permitem tudo: a incompetência impune, o amiguismo, o clientelismo, e quantas vezes a corrupção mais descarada.
Na ausência de uma Oposição eficaz, essa função acaba por ser desempenhada pelos media, como pudemos recentemente ver — mesmo num caso tão simples (como o das Instalações Sanitárias de Lagos que ontem Letria abordou na TVI).

9 de janeiro de 2018 às 10:40  
Blogger José Batista said...

Concordo com a análise. Vi o debate entre os candidatos a líder do PSD e não gostei. O «flop» (pelo que dizem) vitorioso de Santana, mostrou o pior dele, que nunca conseguiu melhor do que aquilo. Está-lhe na natureza.
E aquela tratar a «Associação 25 de Abril» como se fora um bando de criminosos, é apenas um reflexo da sua idiossincrasia.
Que coisa.

9 de janeiro de 2018 às 17:51  
Blogger opjj said...

Sub-repticiamente iguala-se ao outro, malhar na direita. Daquele que diz ser o pior, o pobre, nem teve tempo de fazer o aquecimento quanto mais perorar o existente!
O velho problema do ser,sou do que dá no momento mais luta!Entenda-se.
Falar do contrário não se se galvaniza,não se brilha,parece aquela chuva morrinhenta.
Contradição, O que tirou ontem, hoje dá.
Cumprimentos

9 de janeiro de 2018 às 18:54  

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