O capitalismo, a justiça e a liberdade
Por C. Barroco Esperança
O capitalismo descobriu a liberdade, mas desinteressou-se da justiça e da igualdade. Há avanços que só o capitalismo permitiu, mas há retrocessos da liberdade que são fruto da genética capitalista. O fascismo é filho natural do capitalismo.
Um modelo condenado a crises cíclicas, e a superá-las através de guerras, consegue pela força a sobrevivência, indiferente ao sofrimento que produz, aos anticorpos que cria e ao desespero que gera nos pobres de que precisa para se perpetuar.
As empresas visam naturalmente o lucro, o que não parece errado, mas é a amoralidade que as torna cúmplices do sistema de que são filhas. Não interessa se o seu produto é ou não tóxico, basta que seja legal ou que esteja omisso no código penal.
O bando de Chicago, onde pontificou Milton Friedemann, influenciou de tal modo esta fase do capitalismo, graças à devoção dos seus devotos Reagan e Thatcher, que o deixou à solta, tendo como aliado João Paulo II, papa reacionário cuja santidade, em vida, era o apanágio da profissão e estado civil, e, depois de morto, um brinde do marketing pio.
A derrota dos mineiros ingleses na sua reivindicação justa, nem todas são, abandonados por outros trabalhadores e pelas centrais sindicais, alterou profundamente a correlação de forças a favor dos empreendedores, como ora se designam os detentores dos meios de produção. A vitória da Sr.ª Thatcher foi a derrota dos trabalhadores à escala global.
Mal se imaginaria então que, uma geração depois, o novo salto dialético seria dado por Trump, May e uma quantidade enorme de pequenos títeres que chegam ao poder por via democrática, sem o mais leve respeito por direitos dos trabalhadores nem, sequer, pelos direitos humanos.
Estamos a assistir ao assalto ao poder por uma horda de fascistas que, país após país, já transformaram as democracias em autocracias de vocação totalitária, com o domínio das redes sociais da Internet, da comunicação social tradicional e o apoio que a insegurança dos povos lhes confia.
São pessimistas as previsões do futuro onde a expansão do modelo chinês, sob a égide do líder do partido, dito comunista, promove um despudorado capitalismo e a extinção das liberdades que moldaram a cultura europeia e a sua civilização ora ameaçada.
Depois do fracasso do comunismo, e da implosão, o capitalismo esgotou-se e é urgente encontrar um novo paradigma.
Ponte Europa / SorumbáticoEtiquetas: CBE
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