17.1.19

A direita no seu labirinto

Por C. Barroco Esperança

O PSD anda em polvorosa, como é da tradição, quando está fora do poder e minguam os lugares para quem se julga ungido para os ocupar. Luís Montenegro cometeu um erro que dificilmente lhe será perdoado, desafiando o líder num dos piores momentos que o partido atravessa e quando o seu desespero pode acelerar a implosão, com benefício dos partidos à sua direita (do PSD, não de Montenegro, Passos Coelho ou Maria Luís).

Não é fácil ser homem de mão de Passos Coelho e tentar um golpe para fazer regressar à AR a tralha que vendeu as principais empresas do Estado ao preço da uva mijona.
A Dr.ª Cristas é a mais perseverante adversária do PSD, embora sem tropas e qualidades de comando, mas Santana Lopes, cujo passado autárquico, governamental e de gestor da Misericórdia de Lisboa devia ter vacinado os eleitores, pode ser o grande beneficiário da derrocada eleitoral do PSD, que Montenegro acelerou de forma canhestra.
Há na esquerda quem se sinta feliz com esta dissolução da direita, sem pensar que a pior direita ainda não apareceu. O Menino Guerreiro, num país de memória curta, pode vir a ser o fiel da balança, a roçar os extremismos que grassam na Europa. E até já se permite ser arauto da luta contra a corrupção. Quem diria!
O PR, com a enorme popularidade de que ainda dispõe, tem força e vontade suficientes para impedir a esquerda de crescer de forma consistente, mas mingua-lhe a capacidade para travar uma onda populista de extrema-direita.

A direita representa um terço das intenções de voto, mas tem enorme poder nos sectores económicos e financeiros, na comunicação social e aparelho de Estado, nos bombeiros e IPSSs, nas fundações e Ordens profissionais e, pasme-se, nos sindicatos selvagens que emergem através das Ordens.
A direita dissolve-se, sem ideologia nem projetos, e unir-se-á em torno dos interesses, enquanto a esquerda se digladia, com forte ideologia e projetos que tendem a dividem.
A agitação social, onde coexistem reivindicações justas, difíceis de atender, e exigências obscenas, indignas de acolhimento, têm constituído o caldo de cultura de que a direita precisa para eleger a ordem e a segurança como trunfos para eliminar direitos e incitar a rivalidade entre trabalhadores do sector público e do privado.
Em França já é claro que a grande beneficiada das manifestações dos coletes amarelos é a extrema-direita de Marine Le Pen. Espero que o exemplo seja vacina em Portugal.

Etiquetas:

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Casa onde não há pão, todos ralham, ninguém tem razão.
Os dois exemplos citados (França e Portugal) correspondem apenas aos 2 países com as taxas de IRC mais altas da OCDE.
Começa a notar-se a dificuldade em atrair investimento quando competem com países que aplicam até 1/3 destas taxas.
O dinheiro não cai do céu e a Esquerda, de forma verdadeiramente populista, como sempre, aliás, adotou a fórmula de prometer exatamente aquilo que todos gostariam de poder prometer mas que, por decoro e alguma honestidade intelectual, não se atrevem.
O pior é que agora a esquerda não se fica pelas promessas e passou a poder propor/chantagear e algumas medidas foram Avante.
Quando a Esquerda beneficia um grupo, no imediato, prejudica os restantes e cria um desequilíbrio difícil de restabelecer, acabando por prejudicar mais tarde o próprio grupo que quis beneficiar. Eis o verdadeiro populismo.
As medidas populistas são pagas com o dinheiro dos nossos impostos/trabalho e se não há dinheiro, aumenta-se a renda dos impostos prejudicando a todos. É tao fácil gastar-se o que não deu trabalho ganhar, por isso se dão garantias a empréstimos e investimentos que nenhum investidor privado, no seu perfeito juízo, estaria disposto dar. Quem paga é o povinho.
Mas na minha opinião, a esquerda representa apenas a caricatura e o extremo da inconsciência geral.
Ribas.

17 de janeiro de 2019 às 16:55  

Enviar um comentário

<< Home