29.3.19

Quem quer e merece o meu menino?

Por Joaquim Letria
Os canais comerciais de televisão andam desenfreados com “reality shows”. Desde o “Big Brother”, já faz anos, que assim é. Agora, um canal selecciona candidatas a casarem com escolhidos agricultores, enquanto o outro apresenta umas matronas que oferecem os seus filhos a um rosário de pobres mas vistosas candidatas,  na maioria dos casos desempregadas.
Depois, dia a dia, sucedem-se as diferentes explorações das diversas situações criadas num caso e no outro, para manter audiências que estão em queda nos outros programas dedicados à desgraça humana, tipo “os cancros das nossas entrevistadas são melhores do que a leucemia das deles”.
Uma noite destas, respondendo às críticas surgidas em órgãos de Comunicação Social e em canais das redes sociais, uma das estações resolveu enfrentar uma psicóloga que havia escrito num periódico “Quem quer casar com a minha vaca?”, o que terá sido tomado como ofensivo por parte do director de programas e pela apresentadora. A psicóloga, que chegara ofegante ao estúdio sobre a hora do programa e, possivelmente, convidada tarde e a más horas, portou-se muito bem, com serenidade, elevação e a propósito, defendendo a dignidade das mulheres.
Só lhe faltou ter rebatido a acusação que lhe lançavam, de estar a chamar vacas às mulheres do programa, negando-o e lembrando a semelhança do procedimento do programa com as feiras de gado, onde os interessados escolhem as vacas pelas qualidades que os animais expostos apresentam e lhes podem interessar.
Curioso ainda não ter vindo alguém falar da semelhança desta apresentação das meninas com os prostíbulos que havia em Portugal, quando os bordéis eram legalmente autorizados. Se calhar, as meninas desempregadas daqueles tempos prostituíam-se porque não havia “reality shows”
Nas casas de meninas, uma “tia” apresentava o elenco para no final receber o pagamento e encaminhar a escolhida e o feliz cliente para o quarto indicado. A maior diferença de todas é que não se ia às meninas com as mamãs…
Publicado no Minho Digital

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3 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Um fenómeno!!!Pelos vistos,uma significativa parte das pessoas gosta de partilhar a sua vida!Gosta de a expôr publicamente! Outra parte significativa,adora cuscar a vida dos outros ! Depois,ainda nós admiramos,que um grande Big Brother saiba tudo da de todos!

29 de março de 2019 às 16:58  
Blogger Dulce Oliveira said...

O mundo está cada vez mais feio e mais triste.
Os programas da manhã onde desfilam assassinatos de toda a ordem, doenças tenebrosas, violações, etc...
Os noticiário dando prioridade ao que mais escabroso acontece por aí.
E os programas que refere, que todos criticam e juram a pés juntos não ver mas de que conhecem todos os pormenores.
O mundo está tão feio e tão triste!!!

29 de março de 2019 às 20:03  
Blogger Ilha da lua said...

Já reparou,como não há como ignorá-los ?Mesmo,que não sejam vistos,a publicidade aos mesmos é enorme,quer nas estações televisivas,quer nos jornais ( mesmo os que os criticam). Tem razão o mundo está a tornar-se feio e triste Mas,podemos sempre procurar,a muita beleza,que,ainda existe. Cumprimentos

29 de março de 2019 às 22:07  

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