PROFESSORES, OS PILARES DA SOCIEDADE
Por A. M. Galopim de Carvalho
Quem não vir esta realidade ou é “cego” ou “tapa os olhos”.
Devo começar por afirmar que não estou aqui para agradar ou desagradar a quem quer que seja. Estou apenas a revelar a análise que faço de um problema nacional que sempre me preocupou.Em fins de férias ou, melhor em vésperas de um novo ano lectivo, a meio de uma campanha eleitoral sem qualidade no conteúdo e na forma, desejo saudar os professores (sem esquecer os educadores) das nossas escolas e reafirmar que os considero os pilares da sociedade e, uma vez mais, dizer a governantes e governados que É NECESSÁRIO E URGENTE RESTITUIR-LHES A ATENÇÃO, O RESPEITO E A DIGNIDADE QUE A LIBERDADE E A DEMOCRACIA LHES RETIRARAM.
Volto a dizer hoje o que já disse muitas vezes que, à semelhança do que se passou com a Primeira República, a classe política, no seu todo, a quem os Capitães de Abril, há 45 anos, generosa, honradamente e de “mão beijada”, entregaram os nossos destinos, mais interessada nas lutas pelo poder, esqueceu-se completamente de facultar aos cidadãos, civismo e conhecimento. Continuamos um povo marcado por um défice “de ignorância, de desconhecimento, de ausência de educação, de ausência de formação e de ausência de preparação” (palavras do Primeiro Ministro, António Costa). Entre os sectores da vida nacional que nada beneficiaram com esta abertura à liberdade e à democracia está a Educação. E, aqui, volto a afirmar, a ESCOLA FALHOU COMPLETAMENTE.
Ao longo destes anos, verifiquei que:
- a preparação científica e pedagógica dos professores não tem sido devidamente testada, através de processos de avaliação a sério, criteriosamente regulados, por avaliadores devidamente credenciados.
- como no antigamente, a par de bons, muito bons e excelentes professores, muitos deles desmotivados, há outros, francamente maus, instalados na confortável situação de emprego garantido até à reforma;
- os sindicatos, nivelando, por igual e por baixo, os bons e os maus professores, têm grande responsabilidade numa parte importante da degradação do nosso ensino público;
- as sucessivas tutelas parecem estar mais interessadas nas estatísticas do que na qualidade do ensino;
- os programas oficiais amarram os professores, não lhes dando tempo para, como alguém disse, “divagações desnecessárias”;
- os professores estão sobrecarregados com tarefas administrativas e outras de que deveriam estar rigorosamente libertos;
- muitos deles vivem longe das famílias ou perdem horas nos caminhos diários de ida e volta a casa e a contarem os tostões.
Em finais de 2015, na cerimónia de entrega do Prémio Manuel António da Mota, no Palácio da Bolsa, no Porto, o Primeiro Ministro, disse: “De uma vez por todas, o país tem de compreender que o maior défice que temos não é o das finanças. O maior défice que temos é o défice que acumulámos de ignorância, de desconhecimento, de ausência de educação, de ausência de formação e de ausência de preparação”.
Palavras sábias, mas que não passaram disso. A verdade é que continuamos na mesma, cada vez com mais futebol e, agora, entretidos a tempo inteiro, dos pais aos filhos crianças, a dedilharem telemóveis.
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