17.1.20

A sério que vos parece bem!?

Por Joaquim Letria
Parece-me que há quem não se importe que deixemos de ser  uma nação para passarmos a ser  um sítio. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que ainda não percebi o que faz no Governo para além de dizer que o lítio é o melhor que há, que é urgente demolir o prédio Coutinho e que as vítimas dos incêndios estão todos a progredir na vida, teve agora a brilhante ideia de mudar de sítio as aldeias do vale do Mondego para resolver o problema das cheias.
É bom que se recorde que estas cheias decorreram do rebentamento dum dique, que nem sequer manutenção tem, e que o dique nasceu da necessidade de conter as águas fluviais e suportar as descargas duma barragem agora vendida aos estrangeiros, depois de terem desviado o curso natural do rio.
Acho uma ideia peregrina aquela de deitar abaixo aldeias ou afundá-las como em Ribeiro de Pena e construí-las noutro sítio mais conveniente à correcção dos erros políticos e de engenharia. Sem importar as vidas, as memórias, as famílias, a paisagem e a História.
Já tivemos esse exemplo com a aldeia da Luz, que foi afundada no Alqueva, dizia-se então que era para irrigar o Alentejo e afinal de contas é para explorar o turismo, dizermos à boca cheia que temos o “maior lago artificial da Europa” e irmos admirar os espanhóis a cultivarem os olivais e as vinhas que eram nossas e vermos os alentejanos a serem gradualmente substituídos por milhares de nepaleses, tailandeses e hindus explorados em trabalho escravo.
Devem estar ainda recordados que já também tivemos outro governo da mesma cor que mandou as nossas mulheres irem parir a Espanha. Não havia obstetrícia, faltavam ginecologistas e portanto façam o favor de ir a Badajoz, ao Hospital Infanta Cristina, que lá resolvem-lhes o problema.
O mais grave desta história toda é vermos que quem assim pensa e é capaz de obrigar os outros a mergulharem em asneiras deste quilate não reconhece nada do que pertence ao bom senso. Não pensou, ou não se importa que no cartão de identidade um português passe a ter naturalidade de Badajoz, Espanha, e se alguém disser que é de Formozelha, concelho de Montemor o Velho, distrito de Coimbra, é duma aldeia que já não existe porque foi arrasada para deixar passar o rio desviado do seu curso.
Eu não quero dizer mal desta gente. Mas a sério que tudo isto a vós vos parece bem!?
Publicado no Minho Digital

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3 Comments:

Blogger José Batista said...

Não (me) parece bem, caro Letria.

17 de janeiro de 2020 às 22:50  
Blogger Ilha da lua said...

Não parece bem,como não está bem!

18 de janeiro de 2020 às 20:14  
Blogger Luciano Gomes said...

Sr Joaquim Letria, não leve a mal (eu tenho-o em boa consideração) mas talvez devesse amenizar um bocadinho essa sua, para mim desconhecoda, sanha patrioteira e saudosista, não é por nada, mas é que cai em imprecisões e mesmo inverdades; Então os alentejanos estão a ser substituídos ... Mas onde estão os alentejanos? Quanto ao Alqueva, muito se poderá criticar, mas essa de ser só para o Turismo... Sabe que há produções que por efeito do Alqueva atingiram valores históricos, como por exemplo a do azeite?

9 de fevereiro de 2020 às 10:02  

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