9.1.20

A guerra EUA/ Irão

Por C. Barroco Esperança
O assassinato ordenado por Trump, contra o general sírio Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irão, em Bagdad, demonstrou a insânia de um demente e a arrogância de um déspota. A posterior ameaça de destruir o rico património histórico da civilização persa, ameaça de que já recuou, revela a sua indigência cultural e a indiferença perante mais um crime previsto nas leis internacionais.
A execução do importante general e de mais oito pessoas, no país ocupado pelos EUA, a convite das autoridades locais, foi um crime para aliviar a pressão do “impeachment”, em apreciação, que os seus ataques reiterados à legalidade e à ética exigiram.
Este crime é uma afronta à legalidade internacional de alguém, com um poderio brutal, capaz de tudo para garantir a reeleição e a impunidade à sua conduta. A transferência da embaixada de Telavive para Jerusalém foi uma provocação gratuita aos muçulmanos, ao arrepio dos países tradicionalmente aliados dos EUA, e só serviu para acirrar ódios e aumentar a tensão na região.
Nesta altura não se podem esquecer os nomes sinistros de Bush, Blair, Aznar e Barroso na invasão do Iraque, invasão criminosa que agravou os problemas do Médio Oriente e pôs o mundo em progressivo sobressalto, sem que o TPI os possa julgar.
Que o Irão é uma teocracia, abjeta como todas as teocracias, uma ditadura fascista como a Arábia Saudita, do Eixo do Bem, ninguém duvida. Que o Islão político é quase tão perigoso como Trump é evidente, mas ninguém, até hoje, tinha ido tão longe no desafio a leis internacionais e desprezo pelos tratados que o próprio país assinou, como os EUA de Trump.
Como danos colaterais há o reforço dos grupos terroristas islâmicos e a iminência de um desastre global com uma guerra que, se começar, pode não deixar ninguém para contar.
Não se esperava de um presidente americano, apesar dos vários e graves desvarios após a guerra de 1939/45, que houvesse um Trump que atraiçoasse os tratados assinados, que se atribuísse o direito de negar vistos a participantes na ONU, como se fosse refém do país em cujo território tem a sede, e que decidisse guerras em nome da NATO sem a anuência dos seus aliados.
Enfim, a barbárie já começou. O futuro do mundo é cada vez mais incerto e reduzido. A atitude da Rússia e da China são decisivas. A chantagem de Trump sobre a UE já se faz sentir e a comunicação social já está a ser submetida aos seus interesses.
A opinião pública mundial hesita entre o medo, a angústia e a revolta.

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