27.12.20

POUCOS MAS BONS

Por Joaquim Letria

Portugal está a definhar. Não só nos níveis de pobreza mas também no número dos seus habitantes e no rejuvenescimento da sua população.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, mais de 40 por cento das mulheres em idade fértil não têm filhos e aquelas que pensam ser mães nos próximos três anos formam uma percentagem mais baixa do que aquela que existia em 2013. Estes dados, interessantes de serem do nosso conhecimento e analisados, foram divulgados pelo Inquérito à Fecundidade agora revelado pelo Instituto Nacional de Estatística.

Tendo ainda em consideração que a grande maioria dos portugueses não quer ter mais de dois filhos, podemos ficar a saber que Portugal não recuperará os níveis de natalidade que apresentou há 10 anos. Segundo os demógrafos, a substituição de gerações com 2 ou 3 filhos por mulher não pode ser assegurada a médio prazo, assim como não voltaremos a ter médias de 100 mil nascimentos por ano.

Estes dados agora revelados mostram que 10 por cento dos portugueses não são pais nem querem vir a sê-lo, percentagem que é superior à verificada em 2013.

Os portugueses não têm mais filhos porque não podem ou não querem? A resposta dos estudiosos é porque não querem. Uma descendência numerosa não existe sequer nos desejos da esmagadora maioria da população.  Por outro lado, verifica-se que 45 por cento das mulheres e 56 por cento dos homens tiveram os primeiros filhos mais tarde do que desejavam.

Desde o início da década de 80 que Portugal não assegura a substituição de gerações por ter deixado do ter uma média de 2,1 filhos por mulher. Para tal, pode contribuir o facto  das mulheres terem adiado o nascimento do primeiro filho 5 anos, sabendo-se que o seu período fértil é limitado. Há 40 anos que Portugal mantém uma persistente tendência de declínio da fecundidade. O que necessariamente fará com que Portugal venha a definhar na pujança do seu povo. Seremos poucos mas bons…

Publicado no “Minho Digital”

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Não consigo acreditar muito nos estudiosos destas matérias, por não saber como sabem eles o que as pessoas pensam e sentem, mesmos perguntando-lhes (mente-se muito nos inquéritos). É claro que os níveis de boa vida podem tornar as pessoas mais egoístas e menos disponíveis para se incomodarem a educar crianças. Mas eu penso que, se as condições político-económicas fossem auspiciosas, muita gente teria mais filhos. Quando constituí família, há décadas, tinha o (secreto) desejo de ter cinco filhos, mas como a minha condição sempre foi humilde, quando arranjei crédito bancário, só me deu para uma casa pequena, o que fez com que optasse(mos) por ter só dois filhos.
Em termos demográficos, as perspectivas do país não são famosas. Ainda por cima, eu acredito mais que (em vez de poucos e bons) os portugueses serão poucos e medíocres, pelo menos a acreditar na educação que estamos a prestar às crianças (digo isto e sou professor...)
Feliz Ano Novo, J. Letria.

27 de dezembro de 2020 às 19:13  

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