Na “Nova Costa de Oiro” de Maio de 2021
I — TODOS tivemos, ao longo da nossa vida escolar, professores de que nunca nos esquecemos e, no meu caso, um deles foi o Eng.º Daniel Barbosa, meu conterrâneo, de quem fui aluno na cadeira de Economia no ano lectivo de 1969/70. Sucede que esse foi o último em que os cursos do IST tiveram a duração de seis anos, pelo que é possível que a cadeira tenha desaparecido, com a consequente dispensa de quem a ministrava. Isso não sei; mas o que sei é que já lá vai mais de meio século e parece que ainda o estou a ver: magro, descontraído, sorridente e sempre de boquilha (nessa época podia-se fumar em quase todo o lado!), dando-nos a entender, embora nunca o dissesse, que não reprovaria ninguém. Além disso, era impossível estar nas suas aulas sem ter presente a alcunha que se lhe colara duas décadas atrás: “o Daniel das Farturas” — talvez porque, quando ministro (em 1947/48), tenha prometido “mundos e fundos”, quiçá o famigerado “bacalhau a pataco” de que hoje ainda se fala.
Quando a pandemia chegava a uma terra, decretavam-se restrições e confinamentos. Seguia-se a melhoria da situação e o consequente facilitismo, o que por sua vez originava novos casos... e novas restrições...
E é assim que já contamos com três “vagas” em menos de um ano (e receamos a chegada de uma quarta), em boa parte a crédito dos que desprezam as mais elementares regras de segurança sanitária, mas também das autoridades que, numas terras, “assobiam para o ar”, enquanto noutras até multam quem esteja a almoçar dentro do carro (!) — contribuindo (estes pelo ridículo do “zelo a mais” e aqueles pelo inaceitável “zelo a menos”) para o arrastar do inferno com que nos debatemos.
II — HÁ POUCO tempo, o nosso Ministro do Ambiente, falando da escassez de água no Algarve, declarou que o seu preço vai ter de subir. Mas se a sua ideia é que, por essa via, se obterá a redução do consumo, parece não ter tido em conta que, como poderia ter-lhe explicado o referido professor, há bens e serviços cuja procura não é influenciada pelo preço (como é o caso da água nos consumos domésticos), havendo alguns que até se vendem tanto melhor quanto mais caros forem, como sucede com os artigos de luxo e de ostentação.
Mas o pior é que o Eng.º Matos Fernandes mostra não estar a par de certas realidades do país, pois todos conhecemos quem mantenha relvados onde eles são de todo desaconselháveis (em regiões de clima mediterrânico, como o nosso — e, pior ainda, quando há árvores no meio deles), e depois os regue com parte dos aspersores apontados para os passeios (onde os munícipes-pagantes podem contemplar o seu “dinheiro-líquido” a escorrer para as sarjetas!) — para já não falar do caso delirante, a que há meses assisti, da rega em DIAS DE CHUVA!
De facto, enquanto não se atalharem absurdos como esses, que sentido faz ameaçarem-nos com aumentos do preço da água, ou fantasias de ricos como a dessalinização? Não acham que isso se assemelha a uma outra versão “lógica-da-batata”?!
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NOTA - Na foto da esquerda, vê-se a NOTIFICAÇÃO da PSP de Santarém, referida no texto. Na da direita, o presidente bielorrusso A. Lukashenko quando, em Maio de 2016, recebeu G. Berdimuhammedow, seu homólogo do Turcomenistão.
Etiquetas: CMR, Nova Costa d' Oiro
2 Comments:
A cadeira de Economia não desapareceu do IST com a redução da duração das licenciaturas de 6 para 5 anos. Manteve-se no currículo dos cursos, aparentemente inalterada. Os meus colegas originários do Técnico referiam-se frequentemente a ela em termos elogiosos.
Onde ela foi abolida, foi na FEUP (onde me licenciei), e fez muita falta. A cadeira (semestral) de Investigação Operacional, que tomou o seu lugar, foi importante, mas não a substituiu, porque o seu objetivo era diferente.
Caro Fernando,
Obrigado pelo esclarecimento.
Abraço
C
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