17.2.22

Eleições legislativas 2022 e as perdas da Esquerda

Por C. B. Esperança

Os 11 deputados conquistados pelo PS, tendo o Livre recuperado o seu deputado, foram insuficientes para segurar na área da esquerda os 20 deputados que esta perdeu (BE-14 + CDU-6). Há agora mais 9 deputados na direita, com a agravante de o partido fascista ter mais 11 e os neoliberais mais 7, e ambos tinham 1 único deputado.

Resumindo, a esquerda perdeu para a direita 9 deputados e a direita democrática, depois dos deputados ganhos à esquerda e das trocas internas, perdeu mais 9 deputados (PSD – 1; CDS – 5; PAN – 3), para o partido neoliberal extremista e o fascista, que adicionaram ainda os 9 que a esquerda perdeu.

Esquecendo tolices avulsas, como a que definiu como partidos de extrema-esquerda, alem do PCP e BE, o PAN, aliado, nos Açores, ao PSD e ao partido fascista, para evitar o Governo liderado pelo PS, que, na linguagem da direita, ganhou as eleições (o mais votado), como se estas não fossem para a Assembleia Regional e fossem para o Governo da RA.

PCP e CDS, ainda que afetivamente deixem emoções diferentes, são dois partidos que fazem falta ao regime democrático, o primeiro para equilíbrio do regime e organização sindical, e o segundo para evitar o crescimento do partido fascista e do neoliberal, este o mais jurássico da Europa, ainda a defender a taxa única de IRS, independentemente dos rendimentos que cada cidadão aufere.

Quanto à erosão eleitoral do PCP, li um inteligente artigo do lúcido comunista, Carlos Brito (Público, 10-02-2022). PCP e BE deram a maioria absoluta ao PS.

Em relação ao CDS, há muito que o partido se vinha a afastar da matriz ideológica dos conservadores e demo-cristãos europeus. Nuno Melo e Manuel Monteiro já tinham rompido a fronteira que o separava do fascismo, mas poderia sempre regressar ao lugar de onde partiu.

Em resumo, a esquerda perdeu deputados e na direita é assustadora a dimensão que os extremistas atingiram.

Apostila – A atual maioria é a 6.ª maioria absoluta em democracia e não parece que seja pior do que as 5 anteriores, duas da AD, duas do PSD e uma do PS, sem contar as maiorias absolutas PSD + CDS). Aliás, os governos só são estáveis com maiorias absolutas: de coligação, de um só partido ou de geometria variável, as últimas de duração incerta.

Ponte Europa / Sorumbático 

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