No "Correio de Lagos" de Julho de 2022
NOTAS SOLTAS EM TEMPOS DE SECA
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«A água deve aumentar de preço, devido à escassez, para moderar os consumos» — Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, em 22 de Março de 2021.
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«O Governo aplicará as restrições que forem necessárias; vamos ter de nos habituar a viver com menos água» — Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente, em 27 de Junho de 2022.
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A Barragem da Bravura atingiu o nível mais baixo de há vários anos a esta parte — dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos em 4 de Julho de 2022. (*)
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JÁ HÁ MUITOS anos que, na maioria dos hotéis do mundo, os hóspedes encontram, logo à chegada, um folheto em que são alertados para a necessidade de economizar água, sendo-lhes pedido que, por exemplo, utilizem as toalhas mais do que uma vez — solicitação acompanhada por dados em que se refere, além dos metros cúbicos de água que se pode economizar, a poluição provocada pelos detergentes — e por aí fora, num texto que qualquer criancinha do ensino básico entenderia.
EM INGLATERRA, em situações de seca persistente, as regas dos jardins públicos são pura e simplesmente interrompidas (disseram-me que isso sucede ao fim de 3 semanas), como pude testemunhar pessoalmente em Londres, em Agosto de 1976: a relva estava seca, mas, conforme vim a saber mais tarde, ela reverdeceu no mês seguinte, quando a chuva voltou.
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ORA, ESSAS poupanças, que numa situação normal já são óbvias, tornam-se uma EXIGÊNCIA IMPERIOSA em casos de seca como aquela que estamos a atravessar, e que, na nossa região, é adjectivada como EXTREMA. E é nesse sentido que, faltando-me as palavras para o que vejo na nossa cidade (em termos de exibição e desperdício), recorro a duas imagens recentes, escolhidas entre as inúmeras, semelhantes, de que disponho.
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CENA I – Na rotunda junto à Marina: uma cena recorrente: todos os aspersores ligados para regar a relva, com boa parte da água a escorrer para a calçada e para o alcatrão.
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CENA II — No Parque da Cidade: também uma cena que se repete todos os dias, com 13 aspersores a funcionar, a maioria deles regando “peladas”, pois a rega repetida degrada a relva invariavelmente. Acresce que, para esse dia, a meteorologia previa chuviscos e aguaceiros, com probabilidade de 90%, mas a “rega inteligente” tem dessas coisas.
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A TERMINAR, aqui deixo uma nota curiosa: ultimamente, e sempre que me envolvem num debate acerca de DESSALINIZAÇÃO (dado eu ter trabalhado para a Central de Porto Santo), eu mostro, para contrariar os defensores dessa solução, umas quantas imagens como estas e — oh, milagre! — a discussão acaba logo!
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No “Correio de Lagos” de Julho de 2022
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(*) – Os 12,4% que o mapa indica já baixaram para 11,4%.
Etiquetas: CMR, Correio de Lagos
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