27.2.23

Saiu a fava ao Sporting

Por Antunes Ferreira

Os especialistas da “Bíblia” do futebol escreveram que nos oitavos de final da Taça da Europa League “saiu a fava” ao Sporting Clube de Portugal. A analogia parece ser consentânea com o tradicional bolo-rei nacional pois no sorteio saiu aos leões o Arsenal. Escreveu o diário desportivo:

!O Arsenal, atual líder da Premier League, será o adversário do Sporting nos oitavos de final da Liga Europa, ditou o sorteio realizado ao final da manhã desta sexta-feira em Nyon, na Suíça. Os leões jogam primeiro em Alvalade, a 9 de março, deslocando-se depois a Londres para defrontar os gunners na segunda mão no dia 16.”

Não é segredo, bem pelo contrário que sou sportinguista – algumas almas impiedosas mas talvez com alguma verdade chama-me masoquista… - pois os homens de Alvalade são verdadeiros colecionadores de desastres futebolísticos. São uma equipa que se pode chamar ioiô – tão depressa alcançam bons resultados numa semana como na seguinte averbam mais uma derrota.

Habitualmente não costumo escrever sobre práticas desportivas; mas neste caso, de bradar aos céus, vejo-me na triste realidade de comentar este fiasco para as bandas dos de Alvalade. Um sorteio é sempre aleatório e a sorte conta muito quando as bolinhas saem das urnas e dão os pares das equipas que vão jogar os oitavos e final duma taça que é considerada a parente pobre d Champions que, essa sim, dá prémios de presença milionários.

Ora bem se sabe que o futebol espectáculo passou a ser futebol negócio e para muitos clubes os cifrões que chegam de Nyon, a sede da UEFA, são uma espécie de boia de salvação para as suas finanças por mis que se argumente com o fair play financeiro. Abordar o assunto tem muitas dificuldades pois o dinheiro é omnipresente na vida dita desportiva.

Dirigentes e agentes desportivos são muitas vezes muito mais determinantes nos resultados do que os resultados que se obtêm nos relvados, Mas não só. A corrupção alargou-se de tal modo que a combinação desses mesmos resultados tem vindo a alargar-se e a justiça desportiva pouco tem conseguido porque ela também não está isenta e independente,

Este escrito não é sequer uma tentativa de solução dada a magnitude do problema; é mais um desabafo de um espectador que gostaria de ver a verdade reinar nas práticas desportivas. Porque não é apenas no futebol que as coisas estão erradas.

O mal já alastrou a outros desportos – eu diria a quase todos os praticados com bolas ou sem bolas. Veja-se o caso clássico do ciclismo em que o doping é um terrível mal que tem levado a que praticantes vejam ser-lhes retirados títulos que tinham obtido sob o uso de produtos proibidos.

Mas também o atletismo enferma da mesma temível prática. A dopagem é o exemplo da falsidade que o controle sistemático tende a evitar mas, infelizmente  não prevenir. O caso dos futebolistas é paradigmático. A recolha de liquido orgânico – normalmente a urina – é habitualmente aleatória. O recurso ao contraditório raras vezes (eu diria raríssimas) dá resultados. E aí também se levanta outra questão: serão só os atletas os prevaricadores ou também fazem parte do esquema treinadores e responseis clínicos? 

Já me desviei, porém, ao que vinha e que era a fava que saiu ao Sporting no sorteio dos oitavos da taça da Europa UEFA. O treinador Rúben Amorim já disse que o principal para os leões na Europa League é seguirem em frente. Tudo indica que é o que ele pode – e deve – dizer quer para os apoiantes do clube, quer  (e principalmente) para os seus comandados. A tarefa não é fácil mas não é impossível. Aqui fala o sportinguista, não escreve o masoquista…

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