6.3.25

VAMOS CONTINUAR A FALAR DE TERRAS-RARAS - MONAZITE



Por A. M. Galopim de Carvalho

No passado dia 1, citei os minerais monazite, loparite, xenótima (xenothyme) e bastnasite, como sendo os que designamos por “minerais das terras-raras”. e mostrei um belo cristal de monazite, isolado, euédrico, isto é, que tem todas as faces desenvolvidas (do grego “eu”, que alude a perfeição e “edro” que significa plano, face), de todos o mais importante e conhecido. Dos restantes apenas direi que:

 

- loparite é um fosfato complexo, com cério, lantânio, cálcio, titânio e níquel;

- xenótima é um fosfato de ítrio;

- bastnasite é um fosfato complexo, com flúor, lantânio, cério, ítrio, admitindo trocas com outros elementos do mesmo grupo.

 

O nome monazite, com origem no grego “mona zein”, que, não só alude ao facto de ocorrer em cristais isolados, como ao, então, ser visto como único, no sentido de ser raro.

A monazita é um fosfato (-PO4) de vários metais, entre os quais figuram alguns do grupo das terras-raras, como lantânio (La), neodímio (Nd), ítrio , samário (Sm), gadolínio (Gd) e outros que o não são, como o tório (Th, radioactivo) e o cério (Ce).

São conhecidos quatro tipos diferentes de monazita, assim separados, tendo em conta a composição relativa dos elementos químicos presentes:

 

- monazite-cério (Ce, La, Nd, Th, Y)PO4, em que o cério é o metal mais abundante;

- monazite-lantânio (La, Ce, Nd)PO4, em que o lantânio é o metal mais abundante;

- monazite -neodímio (Nd, La, Ce)PO4, em que o neodímio é o metal mais abundante;

- monazite-samário (Sm, Gd, Ce, Th)PO4, em que o samário é o metal mais abundante.

Os elementos dentro dos parênteses estão ordenados, segundo as proporções relativas. 

 

A monazita é um mineral ligeiramente magnético, de cor geralmente castanho-avermelhada. Os dois tipos com tório são altamente radioactivos, podem ser utilizados em datações de minerais e rochas (geocronologia isotópica).

 

A monazite é bastante resistente, química e fisicamente, sendo muito pouco ou nada afectada pelos agentes atmosféricos responsáveis pela alteração química (“apodrecimento”) das rochas.

Assim sendo, ao apodrecer, a rocha que contenha este mineral na sua composição, liberta-os, praticamente intactos e é, então, que os agentes de erosão, sobretudo, a água, os arranca e os transporta. Por outro lado, a sua dureza (5 a 5,5 na escala de Mohs) confere-lhes relativa resistência ao desgaste (abrasão) provocado pelo atrito com outros grãos minerais, no seio do material essencialmente arenoso, durante o transporte.

 

A sua densidade (4,6 a 5,7), relativamente elevada face às do abundantíssimo quartzo (2,7) e dos feldspatos (2,5 a 2,8), permite que, em termos de gravidade, os seus grãos se concentrem, separando-os dos grãos desses dois minerais menos densos (“minerais leves”). Eles são, portanto, removidos das rochas hospedeiras e transportados pelas águas dos rios, ao longo de grandes distâncias, indo depositar-se e acumular-se em aluviões fluviais e até, mesmo, em areias de praias marinhas.

Ao realizar uma selecção química, mineralógica e gravítica, a Natureza dá origem a depósitos de elevado interesse económico, referidos na gíria profissional por “placers”, do castelhano, banco de areia ou de seixos rolados.

 

Um parêntese para dizer, por outras, que os “placers” são depósitos onde grãos ou fragmentos de minerais mais “pesados” se depositam, enquanto outros, mais “leves”, são constantemente removidos pela força das águas. Este processo concentra, naturalmente, minerais ditos “pesados” muito valiosos, como, por exemplo, ouro, platina, rútilo, monazite, cassiterite, e pedras preciosas como diamantes, rubis, safiras e espinelas, entre outros.

 

Em “placers”, são importantes as ocorrências de monazite na Índia, Austrália, Brasil, Sri Lanka, Malásia, Nigéria, Flórida e Carolina do Norte, nos EUA. .

Também é conhecida em pegmatitos nos estados norte-americanos de Wyoming, Novo México, Virgínia, Colorado, Maine, Carolina do Norte, bem como na Bolívia, brasil (Minas Gerais), Madagáscar, Noruega, Finlândia, Áustria e Suíça.

Em Portugal, ocorre em aluviões, em Monfortinho (Idanha-a-Nova) e em Vale de Coelha (Almeida).

Etiquetas: