20.2.05

Conversas sem pés nem cabeça

Quando, recentemente, Mário Soares disse o óbvio - que havia corrupção nas autarquias -, logo veio a terreiro Fernando Ruas dizer, afogueado, que era uma ofensa a TODOS os autarcas - exibindo uma finura de raciocínio que, se calhar, é condição sine qua, non para exercer o cargo.

Quando agora uma auditoria da Inspecção Geral de Saúde conclui existir «falta de controlo» e «rigor» nos pagamentos efectuados pelos utentes dos serviços de saúde (e que 70% das isenções às taxas moderadoras atribuídas nos centros de saúde e hospitais portugueses são ilegais, lesando o Estado em milhões de euros por ano), logo vem um sindicalista, o Sr. Paulo Taborda, considerar pouco representativa a amostra utilizada na auditoria (40 centros de saúde e 16 hospitais, segundo o DN) e dizer ser «injusto» apresentar como «criminosos» os «milhares de trabalhadores dos centros de saúde em Portugal que lidam com dinheiro».

Que diabo! Já basta, para «raciocínios» desse género, os de Alberto João Jardim - que considera como ataques ao seu governo as suspeitas de que há pedofilia na Madeira, as investigações de corrupção em autarquias e até (supremo mas delicioso ridículo!) as que envolvem árbitros e clubes de futebol!

Moral da(s) história(s):
Em nenhum dos casos os «indignados» exigem que haja mais investigações e mais céleres (e não apenas uma, e ao fim de 20 anos, como foi a da IGS) - para que se faça justiça e se separe o trigo do joio. Porque será?!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É na verdade imperioso que a Administração Pública, Nacional e Local, seja investigada onde tiver que o ser, se os indícios a isso aconselharem.Sem esquecer a norma constitucional da presunção de inocência, que a "nossa C.S." se esquece de observar.
É também pertinente lembrar que os eleitos têm os seus bens declarados ao Tribunal Constitucional, mas com os nomeados (e são tantos, e auferindo, alguns, salários superiores)tal não acontece. E ocorre-nos perguntar:Porquê?
O mesmo deve acontecer aos profissionais de profissão liberal que, segundo as suas declarações fiscais, vivem no limiar da pobreza.È justo apurar da situação para que se estude uma forma de ajudar estes necessitados.
Por fim,acabando nos muitos empresários, que não obstante viverem acima dos padrões da generalidade, sustentam (sabe-se lá como...)as suas empresas há "n" anos deficitárias. -Tantas fortunas pessoais que existiam a serem desbaratadas em proveito do interesse público...-
Não, não investiguem os caminhos dados aos Fundos Comunitários, distribuídos pelas empresas, para fazerem Formação Profissional e para modernizarem o parque industrial. É preferível continuar a dizer mal dos políticos e que vêm aí os chineses...
Chinesices.
Tudo isto, não obstante, sem concluirmos na suposição ridícula, que toda a gente é corrupta ou trapaceira.

Como nota de rodapé : a Câmara de Oeiras realizou uma auditoria externa à venda de casas de "Habitação Social", cujos resultados foram enviados recentemente para a Procuradoria Geral da República, e instaurou uma auditoria interna, para apurar responsabilidades, eventuais, de funcionários ou dirigentes neste processo num passado recente, alargando por decisão unânime do executivo esse processo aos últimos doze anos.
É esperar pelo desfecho e logo se perceberá que "Todos iguais, Todos diferentes".

26 de fevereiro de 2005 às 13:00  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Hum...
Tendo em conta a pressa que Isaltino de Morais revela em passar de cavalo-para-burro (de ministro a presidente da Câmara), é de desconfiar que a Câmara de Oeiras ainda dê muito que falar.

26 de fevereiro de 2005 às 13:16  

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