17.5.05

O monstro e as criancinhas

DURANTE a última campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa, a certa altura (e a propósito d' O MONSTRO - o défice), disse aquilo que para o comum-dos-mortais é óbvio: «Antes de mais, o Estado deve pôr a pagar impostos quem o devia fazer e não faz».

Até aqui, nada de novo. E só refiro mais uma vez esse assunto porque li, nessa altura, duas reacções curiosas:

Uma, foi de uma jornalista que proclamou: «Jerónimo de Sousa deu uma de Robin dos Bosques!» - para essa senhora, portanto, pôr essa malandragem a pagar o que deve é "roubar aos ricos"...

A outra, foi uma pessoa qualificada que, num Editorial sobre assuntos económicos, decretou, preto-no-branco: «Contar com a recuperação dos dinheiros da fraude e evasão fiscais é conversa para adormecer meninos» - depreende-se, pois, que «os meninos» somos nós, mas o certo é que deve ter razão.

Passando à frente - mas ainda sobre esse assunto:

Hoje mesmo, ouvi na rádio João César das Neves a sugerir que, para redução da despesa pública, «se mande para casa quem não anda no Estado a fazer nada».

De facto, o Governo deve empandeirar - e depressa! - os responsáveis pela tal não-cobrança dos impostos, pela venda ao desbarato do património nacional, etc. etc.

Mas não é para casa que deve mandar essa tropa-fandanga, não! - a menos que se esteja a pensar em prisão domiciliária em vez da «preventiva». Nesse caso, talvez possa ser aceitável.