8.5.05

Raínha do Mar

As antigas fronteiras entre o turismo, o lazer, a mobilidade, a cultura, o alojamento, o desporto e as dinâmicas regionais estão a desaparecer rapidamente. Poderá ser este um dos resultados da enorme conquista social consumada nos últimos 30 anos para as populações dos países mais avançados . Naturalmente que este progresso extraordinário traz outras exclusões - impossível não dar por elas, apesar da nova mobilidade .
Os mecanismos para democratizar os lazeres tornam-se menos eficazes numa sociedade que banaliza os tempos livres e cumpre mal a sua ocupação inteligente. As mobilidades dos tempos livres unificam menos do que se chegou a pensar. As lógicas territoriais diversas continuam a impor-se.
A imagem de Portugal reside já nas nossas férias e nos nossos fins de semana, porque são eles que constroem essa imagem. É preciso que o número de portugueses com real acesso a verdadeiras férias aumente. Lisboa, nas suas relações com toda a província, através dos desenraizados que alberga, é a grande viúva do campo e a pobre órfã das plantas. Apesar da sua localização, graças à mentalidade, imagem projectada e cultura daqueles que aqui vivem, a Lisboa ribeirinha foi transformada numa quase raínha do mar.

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

De facto, Lisboa é uma cidade de desenraizados:
A quase totalidade das pessoas com mais de (digamos) 40 anos não nasceu em Lisboa, ao contrário do que sucede, p.ex., no Porto.
Eu, que resido na capital e na mesma casa há décadas, não sei o nome de muitos dos vizinhos do prédio onde moro - situação absolutamente impensável na "Invicta".

C.R.

8 de maio de 2005 às 13:02  
Anonymous Anónimo said...

Comentário ao comentário anterior:

Isso explicará a falta de amor pela cidade que o "lisboeta" (o residente mas não nascido em Lisboa, claro)demonstra a toda a hora.
E explica também o bairrismo exacerbado dos tripeiros.
No entanto, há um paradoxo: tanto quanto me lembro (das vezes que lá fui), o Porto é uma cidade suja.
A quantidade de lixo que se vê nas ruas não fica atrás da que se encontra em Lisboa (e era de esperar que assim não fosse, admitindo como verdadeiro o tal amor pela Cidade que o portuense mostra - ou diz que tem).

Mas o Porto é um caso especial:
Cresceu muito rapidamente, tornando-se numa grande metrópole, mas a população mais velha mantém o mesmo espírito (para o bem e para o mal) de quando a cidade era pequena.
O portuense-típico vive obcecado com "os mouros", e refere-se aos que vivem na capital como "Vocês, os de Lisboa".
Nesse aspecto, comportam-se como o Alberto João Jardim: é a saloiíce total.

8 de maio de 2005 às 13:51  

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